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A mostrar mensagens de janeiro, 2019

A vida incrível do pai de António e Ricardo Costa (ou Babush e Babuló)

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Foi preso pela PIDE, teve cinco livros proibidos pela censura, inventou anúncios para grandes empresas e adorava noitadas de conversas e copos com os amigo. Orlando da Costa morreu a 26 de Janeiro de 2006. A sua história é tão fascinante que não precisava de uma efeméride nem de dois filhos influentes para ser contada      A vida incrível do pai de António e Ricardo Costa (ou Babush e Babuló) PEDRO JORGE CASTRO / SÁBADO Pouco depois de o actual primeiro-ministro ter nascido, a 17 de Julho de 1961, a sua mãe e o seu padrinho de baptismo, o arquitecto Victor Palla, convocaram os respectivos cônjuges para uma reunião. Eram os quatro sócios numa empresa, mas a agenda deste encontro, em casa do arquitecto, era estritamente pessoal: a mãe e o padrinho tinham chegado à conclusão de que se tinham apaixonado, não sabiam bem o que haviam de fazer a partir dali, mas entendiam que o primeiro passo era partilhar o facto. Foi desta forma que o escr

"Vivências cristãs em Contexto Islâmico", por Adel Sidarus

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A Universidade Católica Editora acaba de publicar "Vivências Cristãs em Contexto Islâmico", uma colectânea de ensaios e estudos do historiador Adel Sidarus. Publica-se aqui o prefácio à obra de Guilherme D'Oliveira Martins. ENTRE CULTURAS E RELIGIÕES Não basta falar de diálogo entre culturas e religiões, é preciso que o mesmo seja informado e conhecedor, o que exige um «convívio tolerante, uma abertura à memória histórica do Outro». A presente obra trata deste momentoso problema – a propósito das vivências cristãs em contexto islâmico. Há, pois, que nos colocarmos, tanto quanto possível, no lugar do outro, a fim de tornar o diálogo uma verdadeira troca ou partilha de experiências. Muitas vezes fala-se de diálogo puramente formal, mas não podemos satisfazer-nos com essa perspetiva pobre e redutora. Olhamos em volta e verificamos que há uma multiplicação de monólogos que não se encontram e que não envolvem uma autêntica troca de experiências e de argumentos. As i

De onde é que eu sou? Olha, sou do Algarve

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"Do Algarve. Ao que invariávelmente é recebida com a reformulação: "Não, não mas de onde é que vens?" Ao que respondo: "Do Hospital de Faro, foi uma cesariana e a minha mãe não estava à espera de três filhs ao mesmo tempo". Ao que me dizem já com alguma frustração como se eu não estivesse a entender o que me estão a perguntar. "Não, mas essa cor de pele, esse cabelo, é de onde?" Assumimos que as pessoas que não são brancas não são portuguesas, assumimos que vêm sempre de um destino exótico e que esta não é a sua casa, este não é o seu país. Porque é que ser Português é ser branco?  O que é que podemos fazer de forma a que possamos colmatar as diferenças até que elas não existam? Eu vou continuar a nomear os meus antepassados, vou continuar a contar as histórias de luta e superação de quem me antecedeu, não vou deixar de ser Portuguesa por causa disso mas espero que a minha existência ajude as pessoas a ver Portugal nas suas muitas existênci

Os escravos vindos da Ásia

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Indianos, chineses, javaneses, birmaness e naturais de outras regiões asiáticas faziam parte da paisagem humana de Portugal entre os séculos XVI e XVIII OS ESCRAVOS VINDOS DA ÁSIA ARLINDO MANUEL CALDEIRA / VISÃO De todos os escravizados vindos da Ásia e entrados em Portugal, o mais famoso ficou conhecido simplesmente como Jau. É nome de rua na freguesia de Alcântara, em Lisboa: Rua Jau. Trata-se de uma homenagem um pouco irrisória, pois a identificação da pessoa homenageada não ultrapassa a sua proveniência geográfica: jau é o mesmo que javanês, isto é, natural da ilha indonésia de Java. Este javanês que passou à toponímia lisboeta terá recebido o nome cristão de António e a sua celebridade deve-se ao facto de ter sido escravo dedicado de Luís de Camões, tão dedicado que, segundo a lenda, nos últimos tempos de vida do poeta, era o escravo que sustentava o amo com o pouco que conseguia mendigar. Ser escravo a oriente O abnegado jau António foi ape

Lisboa e o seu alfoz, em relatos árabes do “maravilhoso”

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Lisboa e o seu alfoz, em relatos árabes do “maravilhoso” As crónicas árabes descrevem Lisboa e os seus arredores - as terras mais longínquas do mundo conhecido à época, banhadas pelo temível e desconhecido Mar Tenebroso - como um lugar repleto de maravilhas, em que aconteciam coisas extraordinárias. O solo era o mais fértil que alguma vez se vira, e dele nasciam maçãs gigantescas e inacreditáveis. Um estranho animal marítimo, que uivava de noite, largava na costa um velo dourado, que os soberanos do Al Andalus usavam na fiação de ricos mantos para ofertar aos seus convidados ou súbditos mais proeminentes. A própria água do rio arrastava pepitas de ouro vindas de algum jazigo escondido, que os seus habitantes recolhiam ao longo do ano, e o âmbar ali encontrado era o mais excelente de toda a península. Os falcões caçadores eram belos e majestosos, e as montanhas, pródigas em benesses naturais, refulgiam de noite. Muitas daquelas realidades já tinham sido constatadas e regista

Sexo no mundo árabe: uma história mal contada

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Sexo no mundo árabe: Uma história mal contada Embora as conversas que Shereen El Feki entabulou com muitas pessoas nos países árabes refletissem normas rígidas e profunda repressão, ela também descobriu que o conservadorismo sexual no mundo árabe é algo relativamente novo. Ela se pergunta: “Será que um ressurgimento do debate público poderia levar a uma vida sexual mais satisfatória e segura?” Médica especializada em imunologia molecular, Shereen El Feki pesquisa e escreve sobre sexualidade e mudanças sociais no mundo árabe. Dividindo o seu tempo entre Londres e o Cairo, tem produzido importantes trabalhos relacionados à saúde e o bem-estar social na região árabe. Ela dedica particular atenção à evolução atual da liberdade política e sexual no universo árabe.  Tradução integral da palestra de Sherren El Feki proferida no TED - Ideas Worth Spreading por Leonardo Silva / Ruy Lopes Pereira Quando estive no Marrocos, em Casablanca,