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A mostrar mensagens de julho, 2018

Sentimento Ismaili

Haverá inúmeras formas de os Muçulmanos Ismailis reconhecerem o apreço e valor de um Imam. Gosto particularmente da metáfora da forma como diferentes joalheiros e artesãos olhariam para um diamante esculpido. Uns veriam brilhantes tons de verde, outros rosa cintilante, outros ainda, um azul cristalino... as tonalidades variariam consoante a perspetiva e o olhar; mas o diamante esculpido é sempre o mesmo; e existe! É essa a perspetiva Shiita Ismaili que nos é ensinada desde cedo – olhar o Imam, respeitando todas as tonalidades que os outros lhe reconheçam, e simultaneamente, aprender que é na diversidade de ideias e pensamentos, e no que a partir deles se constrói, que o conhecimento aumenta. Este é efetivamente um desafio do shiismo fundacional – procurar a fé usando o intelecto, e reconhecendo a unidade na diversidade. Uma corrente religiosa considerada mais progressista por alguns teóricos do Islão, o shiismo, valoriza a essência para dar conteúdo à forma; é uma fé

Aga Khan: “Esta é uma religião que pensa”

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É um dos homens mais ricos do mundo e está prestes a viver em Portugal. Tem uma vida de entrega à comunidade, que o segue como imã e nunca deixou de analisar o mundo em prol dos seus fiéis. A religião é para ele premissa de paz, mas também de bem-estar, de sabedoria e de desenvolvimento económico. Descende do profeta Maomé e é o líder espiritual de 15 milhões de fiéis muçulmanos, dez mil dos quais vivem em Portugal. Tem tentado transformar o mundo à sua maneira e à do Islão. Está prestes a viver em Lisboa. É o príncipe Karim Aga Khan IV. Mas chamam-lhe sua alteza. O título foi-lhe atribuído por Isabel II, a rainha de Inglaterra, logo depois de, aos 20 anos, assumir o cargo de imã, o 49º imã dos xiitas ismaelitas. Há uma semana festejou na capital do nosso país o seu Jubileu de Diamante, 60 anos à frente da comunidade, que considera ser a sua grande fonte de felicidade. Elegeu a educação, a saúde e o desenvolvimento económico como os seus principais alvos de atua­ção e tem levado o seu

Nunca me senti tão português

Na noite passada tive uma abençoada oportunidade de visitar as celebrações do Jubileu de Aga Khan, graças à iniciativa dos meus amigos Faranaz Keshavjee e Faisal Devji. Em dado momento ao longo da noite dei com um dos salões onde músicos ismaelitas portugueses entretinham as multidões. Ouvindo aquela música, percebi o quanto, como goês, partilho com os ismaelitas portugueses. Canções de África (Malaika), canções do subcontinente indiano, e o nosso amor por Portugal e pelos portugueses. Isto foi, e ainda é, o nosso império. Nem todos ali éramos “brancos”, nem todos católicos, mas não havia dúvida sobre o que tínhamos em comum, e isso era Portugal. Nunca me senti tão português como naquele momento (OK, exagero um pouco), e ao mesmo tempo completamente sul-asiático. Estou tão contente que a sede do Imamato ismaelita seja agora em Lisboa, o que demonstra toda a complexidade portuguesa de que a Faranaz fala nesta entrevista invulgar [“Pluralismo é um desafio também para os ismaelitas” - htt

É possível reformar o Islão? A história e a natureza humana dizem que sim

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O Islã representa hoje uma força retrógrada, agressiva e violenta. Será que tem que ser assim ou será que ele pode ser reformado e se tornar moderado, moderno e manter relações de boa vizinhança? Seria possível as autoridades islâmicas formularem um entendimento da sua religião, de modo que ela conceda plenos direitos às mulheres e aos não muçulmanos, bem como o livre arbítrio para os muçulmanos, que aceite os princípios básicos das finanças e da jurisprudência moderna e que não procure impor a lei Sharia ou estabelecer um califado? Um número crescente de analistas acredita que não, que é impossível a religião muçulmana fazer tais coisas, que essas características são inerentes ao Islã e parte imutável de seu modo de ser. Questionada se concorda com a minha formulação que o "islamismo radical é o problema, mas o islamismo moderado é a solução", a escritora Ayaan Hirsi Ali respondeu, "Ele está errado. Desculpe". Ela e eu defendemos a mesma posição, lutamos pelos mesm