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A mostrar mensagens de janeiro, 2018

Islão Proibido – A Revolta dos Malês na Bahia (1835)

Rebelião liderada por negros muçulmanos da Bahia, em Janeiro de 1835, marcou a reação à intransigencia religiosa das autoridades brasileiras. Apesar de ter durado poucas horas e de não ter vingado como esperado, a "revolta dos malês", como ficou conhecida, é um marcante exemplo da resistencia da população escravizada no Brasil. O que fez dessa revolta um exemplo único foi seu sofisticado projeto politico e capacidade de articulação de seus líderes, que conseguiram arregimentar a população africana, tanto a liberta quanto a escravizada, em torno de um plano de instaurar uma nova ordem. Esses lideres, em reuniões secretas, transmitiam seu conhecimento (ler e escrever em árabe por exemplo) aos mais jovens. Ou seja, mais que uma rebelião religiosa, o que estava em jogo era um modelo politico no qual buscava-se vingar dos opressores. ANDRÉ BERNARDO Desde os tempos coloniais até a Proclamação da República em 1889, o Brasil tinha uma, e apenas uma, religião oficia

A sexualidade no Islã Clássico através de Nafzawi em "Campos Perfumados" (séc. XV)

No momento em que o mundo árabe redescobre seus erotólogos do Islã Clássico, produzindo diversas obras sobre o corpo, é hora também do Ocidente descobrir tal pensamento que norteava os "falasifa" (filósofos árabes) do Medievo. Uma das ciências mais prestigiadas no Islã Clássico (que está compreendida na Idade Média do Ocidente) era a "Ilm Al-Bah", isto é, a Erotologia. Para os muçulmanos, o sexo era um dom de Deus, devendo ser desfrutado em sua plenitude, e ansiado como uma das promessas a serem vivenciadas no paraíso. O seu estudo era, portanto, uma prova de fé. No livro “Campos Perfumados”, Nafzawi traz basicamente um manual para a cópula, utilizando o método do exemplo para justificar suas orientações, as quais acabam por exprimir os valores e as relações entre os sujeitos de sua sociedade.  Celia Daniele Moreira de Souza, graduanda em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil (celia.daniele@yahoo.com.br) Introdução “Os Campos Perfumad

História social e económica dos Ismailis de Moçambique - Séc. XX

"A historiografia recente em torno da presença indiana em Moçambique e nos territórios da África Oriental e Centro Oriental é unânime em evidenciar a sua vocação comercial no contexto da ocupação colonial dos séculos XIX-XX. No caso de Moçambique as fontes documentais disponíveis do tempo da colonização portuguesa atestam a sua importância quer no mundo rural, assegurando a monetarização dos produtos da agricultura africana, essenciais à manutenção da economia de exportação colonial, quer na dinamização de um segmento importante do comércio de retalho em contexto urbano, direccionado a um espectro amplo e heterogéneo de consumidores que estruturavam o mercado interno no tempo colonial. As análises inspiradas em tais fontes privilegiam um enfoque macro histórico da acção e inscrição espacial daqueles agentes económicos e raramente dão conta da natureza heterogénea das comunidades indianas em contexto moçambicano, do ponto de vista religioso e sócio económico. Esta sua invi