Gerra de Mentiras

 

"Ima­gine uma fa­mília is­ra­e­lense no ki­butz de Be’eri, em volta da mesa do al­moço, antes da pas­sagem por lá do mor­tí­fero Hamas. O mo­vi­mento ter­ro­rista chegou e olha o que eles fi­zeram: os olhos do pai foram ar­ran­cados di­ante dos seus fi­lhos. Os seios da mãe foram cor­tados, os pés da filha, am­pu­tados e os dedos do filho, de 7 anos de idade, foram cor­tados antes dele ser exe­cu­tado. Não surgiu qual­quer tes­te­munha dessa si­tu­ação in­só­lita. Nem podia haver, porque não foi en­con­trado no ki­butz o corpo de qual­quer cri­ança entre 6 e 8 anos de idade. O in­ventor da his­tória foi Yossi Landau, da or­ga­ni­zação Zaka, que se de­dica à busca e iden­ti­fi­cação de ca­dá­veres e, prin­ci­pal­mente, à cri­ação de acu­sa­ções falsas ao Hamas e aos pa­les­tinos. Os 40 bebês de­ca­pi­tados, os bebês en­con­trados em fornos, os civis is­ra­e­lenses tor­tu­rados, mu­ti­lados, des­mem­brados, cor­tados em pe­daços etc... Di­fícil crer que te­nham exis­tido, a não ser no cé­rebro vi­ru­lento do pes­soal do Zaka e co­nexos. Não há ne­nhuma tes­te­munha in­de­pen­dente ou prova con­creta que sus­tente tais de­nún­cias. As acu­sa­ções rei­te­radas por Ne­tanyahu e seus vas­salos qua­li­fi­cados não têm cre­di­bi­li­dade por serem eles partes no con­flito. Es­pan­to­sa­mente muitas pes­soas acre­ditam em ab­surdos tão ób­vios.".

LUIZ EÇA - CORREIO DA CIDADANIA

Como em todas as guerras, na guerra Is­rael-pa­les­tinos as duas partes lutam para con­quistar as opi­niões, com men­sa­gens que co­locam o ad­ver­sário no in­ferno, en­quanto a outra parte mora no céu, ze­lando pelo bem-estar dos ho­mens de boa von­tade.

Nesta ba­talha para ga­nhar os co­ra­ções e mentes dos povos vale tudo. Se as acu­sa­ções são reais, ótimo, se forem men­ti­rosas, tanto me­lhor, porque a mente das pes­soas não tem li­mites e os cri­a­dores das men­sa­gens de pro­pa­ganda podem in­ventar as mais te­ne­brosas e inau­ditas im­pu­ta­ções, que tem grandes chances de serem acre­di­tadas.

Por isso, no sé­culo 6 AC, o dra­ma­turgo grego És­quilo dou­trinou: “Numa guerra, a pri­meira ví­tima é a ver­dade”. Coisa que ele cons­tatou, ao par­ti­cipar da guerra entre os Es­tados gregos e o Im­pério Persa.

E você con­cor­dará com ele, ob­ser­vando o con­flito Is­rael versus pa­les­tinos, onde o ob­je­tivo do go­verno si­o­nista é con­vencer seu povo e o resto do mundo que o Hamas e os pa­les­tinos são uma es­pécie sel­vagem, capaz de atos atrozes e in­sanos. Em suma, ani­mais fe­rozes em forma de seres hu­manos. En­quanto isso, os lí­deres do grupo afirmam que sel­vagem é Is­rael, eles res­peitam os di­reitos hu­manos e as leis da guerra sempre.

A de­mo­ni­zação de todo um povo

Em­bora ofi­ci­al­mente o ini­migo de Is­rael seja o Hamas, o modo com que os civis pa­les­tinos são tra­tados pelo exér­cito e pelos co­men­tá­rios de lí­deres e ci­da­dãos co­muns não deixa dú­vidas de que estão longe de serem vistos com sim­patia.

O aten­tado de 7 de ou­tubro deixou a po­pu­lação is­ra­e­lense fu­riosa, não só contra os ter­ro­ristas, mas também contra o pri­meiro-mi­nistro Ne­tanyahu, res­pon­sa­bi­li­zado pelo fra­casso do sis­tema de se­gu­rança de Is­rael.

Era pre­ciso uma vin­gança de vi­o­lência ab­so­lu­ta­mente fora do comum, que não se con­ten­taria com menos do que des­truir o Hamas to­tal­mente e ar­rasar Gaza, não dei­xando pedra sobre pedra.

Foi o que o pri­meiro-mi­nistro pro­meteu. Bom­bar­deios avas­sa­la­dores estão re­du­zindo Gaza a es­com­bros e di­zi­mando o povo pa­les­tino.

A prin­cípio a opi­nião pú­blica in­ter­na­ci­onal con­denou ma­ci­ça­mente a ação do Hamas, so­li­da­ri­zando-se com Is­rael e seu go­verno.

Mas com as tem­pes­tades de mís­seis de­vas­tando Gaza di­a­ri­a­mente e a morte em massa de pa­les­tinos ino­centes, es­pe­ci­al­mente de cri­anças, em nú­mero nunca visto em qual­quer outra con­fla­gração in­ter­na­ci­onal, a opi­nião pú­blica mun­dial mudou.

Ma­ni­fes­ta­ções pró-pa­les­tinos e anti-Is­rael se es­pa­lharam pela Eu­ropa e os EUA, em nú­mero cada vez maior. Mesmo go­vernos amigos do re­gime si­o­nista con­de­naram o mas­sacre.

A ideia de um cessar-fogo ime­diato passou a ser a exi­gência ado­tada pela mai­oria das na­ções. No Con­selho de Se­gu­rança da ONU, uma re­co­men­dação nesse sen­tido ob­teve 15 votos contra 1, tendo sido re­jei­tada pelo veto dos EUA. De­pois de se­manas de dis­cus­sões, o con­selho aprovou um texto aguado para poder re­ceber o nihil obstat norte-ame­ri­cano.

Biden con­tinua de­fen­dendo Is­rael, fa­zendo juras de ami­zade eterna e ne­gando-se a aceitar qual­quer po­sição re­jei­tada pelo muito, muito amigo Ne­tanyahu.

Mas a opo­sição cresce no país, in­clu­sive entre os con­gres­sistas pro­gres­sistas do Par­tido De­mo­crá­tico, o par­tido de Biden.

Sob essa pressão, ele muda par­ci­al­mente seu dis­curso. Agora também lança apelos hu­ma­ni­tá­rios, pede que Is­rael su­a­vize sua agressão, tome me­didas para acabar com o mor­ti­cínio de civis pa­les­tinos. Faz até uma crí­tica dos bom­bar­deios in­dis­cri­mi­nados is­ra­e­lenses.

Por en­quanto, a mu­dança per­ma­nece nas pa­la­vras. Na prá­tica ele nada faz para pres­si­onar Ne­tanyahu a mo­derar sua bru­ta­li­dade contra os pa­les­tinos. Até quando essa du­pli­ci­dade será man­tida?

Desde o aten­tado, a pro­pa­ganda is­ra­e­lense está em ação, ten­tando con­vencer os pú­blicos in­terno e ex­terno de que o Hamas e os pa­les­tinos de um modo geral são ver­da­deiros ani­mais hu­manos – como disse o pre­si­dente Herzog – bár­baros, de uma cru­el­dade ini­ma­gi­nável. Perto deles, os fa­ná­ticos do Es­tado Is­lâ­mico não pas­sa­riam de trom­ba­di­nhas. Em suma, re­pre­sentam uma ter­rível ameaça, não só a Is­rael, mas a toda a hu­ma­ni­dade.

Seria ne­ces­sário e justo que Is­rael ado­tasse meios vi­o­lentos para es­magar esta raça de­mo­níaca. Tanto para re­duzir a ira do seu povo contra sua ine­fi­ci­ência quanto para de­fender-se da ine­vi­tável in­dig­nação da co­mu­ni­dade in­ter­na­ci­onal ante os avas­sa­la­dores bom­bar­deios de Gaza, o go­verno Ne­tanyahu montou uma enorme e so­fis­ti­cada má­quina de pro­pa­ganda.

Ela é re­a­li­zada por pro­fis­si­o­nais ex­pe­ri­entes e di­vul­gada por todos os veí­culos de co­mu­ni­cação de Is­rael, com ex­ceção do Ha­a­retz que, salvo umas poucas der­ra­padas, é um jornal in­de­pen­dente e co­ra­joso.

As men­sa­gens da pro­pa­ganda de Is­rael são também ver­ba­li­zadas por po­lí­ticos e per­so­na­li­dades fa­vo­rá­veis, sendo con­ver­tidas em no­tí­cias pela im­prensa com­pla­cente.

Mídia cor­po­ra­tiva vira su­cursal de de­par­ta­mento de Es­tado

No Brasil, onde ainda é aceita a pro­vecta ideia de que tudo que sai na im­prensa é ver­dade, Is­rael conta com a boa von­tade de toda a grande mídia, quando não seu apoio ir­res­trito.

Evi­den­te­mente, quando uma in­for­mação é incô­moda para Is­rael a grande mídia pode no­ticiá-la caso in­te­resse a um nú­mero subs­tan­cial de lei­tores. Fi­cando omissa, se ar­ris­caria a ver um con­cor­rente menos es­cru­pu­loso ga­nhar pontos nas pes­quisas de imagem.

Um fato que exal­tava a sel­va­geria do Hamas foi pu­bli­cado com des­taque por vá­rios jor­nais in­gleses e es­ta­du­ni­denses, como The Times, Daily Ex­press, CNN News, The New York Post e boa parte da im­prensa bra­si­leira: 40 bebês is­ra­e­lenses te­riam sido de­go­lados pelo Hamas. A no­tícia viera do site i24, de Is­rael. E foi re­pe­tida por muitos ór­gãos jor­na­lís­ticos de Te­laviv.

Com a voz em­bar­gada de emoção, Joe Biden também a di­vulgou numa reu­nião pú­blica. Para re­forçar a cre­di­bi­li­dade, o pre­si­dente afirmou que ele pró­prio tinha visto uma foto deste horror per­pe­trado pelo Hamas.

Pena que era men­tira.

En­ver­go­nhado, o ser­viço de co­mu­ni­cação da Casa Branca ad­mitiu o erro, es­cla­re­cendo que Biden fora mal com­pre­en­dido, dis­sera apenas que a fake news lhe fora con­tada por al­guém não iden­ti­fi­cado. E assim acres­cen­taram outra men­tira à men­tira pre­si­den­cial. Não ficou bem para a su­prema au­to­ri­dade do maior país do mundo querer en­ganar a opi­nião pú­blica de forma tão des­ca­rada.

Por falar em men­tiras, saiu na mídia so­cial a foto de um avô en­lu­tado car­re­gando um bebê pa­les­tino morto. O ob­je­tivo era pro­vocar be­né­vola pi­e­dade em re­lação aos pa­les­tinos e co­locar Is­rael no des­con­for­tável papel de algoz.

Pres­su­rosa, a Fox News clamou que se tra­tava de um em­buste pois o “bebê” não pas­saria de uma sim­ples bo­neca. The Je­ru­salém Post e todos os posts de mídia so­cial as­so­ci­ados acom­pa­nharam a de­núncia.

Só que era ver­dade.

O fo­tó­grafo Ali Ja­dallah postou no Ins­ta­gram a foto ori­ginal com o se­guinte texto: “Eu sei o nome deste bebê, ainda assim Is­rael está cla­mando que ele é uma bo­neca. Não, ele não é uma bo­neca. Ele é um ser hu­mano que foi morto por um ataque is­ra­e­lense”.

O The Je­ru­salém Post de­letou a ma­téria falsa. Os ou­tros jor­nais par­ti­dá­rios de Is­rael imi­taram esta ati­tude. Nem todos, porém, ex­pli­caram sua gafe, que con­ti­nuou pe­sando contra o Hamas na mente de quem leu a no­tícia, mas não soube que se tra­tava de uma ba­lela.

O in­ventor da his­tória foi Yossi Landau, da or­ga­ni­zação Zaka, que se de­dica à busca e iden­ti­fi­cação de ca­dá­veres e, prin­ci­pal­mente, à cri­ação de acu­sa­ções falsas ao Hamas e aos pa­les­tinos.

É desse ci­dadão também a au­toria do se­guinte conto da ca­ro­chinha: ima­gine uma fa­mília is­ra­e­lense no ki­butz de Be’eri, em volta da mesa do al­moço, antes da pas­sagem por lá do mor­tí­fero Hamas. O mo­vi­mento ter­ro­rista chegou e olha o que eles fi­zeram: os olhos do pai foram ar­ran­cados di­ante dos seus fi­lhos. Os seios da mãe foram cor­tados, os pés da filha, am­pu­tados e os dedos do filho, de 7 anos de idade, foram cor­tados antes dele ser exe­cu­tado.

Não surgiu qual­quer tes­te­munha dessa si­tu­ação in­só­lita. Nem podia haver, porque não foi en­con­trado no ki­butz o corpo de qual­quer cri­ança entre 6 e 8 anos de idade.

Landau es­pa­lhou esta im­pos­tura lar­ga­mente. E nada menos do que Blinken, o se­cre­tário de Es­tado de Biden, a usou para con­vencer o co­mitê do Se­nado de que não era pos­sível ne­go­ciar com mons­tros do nível do Hamas.

Não se sabe se ele acre­dita em Papai Noel ou con­si­dera os se­na­dores burros, que en­go­li­riam fa­cil­mente esta far­sesca burla. A pro­pa­ganda de Is­rael po­si­ciona o Hamas num pa­tamar su­pe­rior ao dos ra­pazes da SS, em ma­téria de cru­el­dade e ma­lig­ni­dade. Jun­ta­mente com o setor de pro­pa­ganda do go­verno, eles atri­buem ao Hamas tor­turas, des­mem­bra­mentos, de­ca­pi­ta­ções, queima de pes­soas, as­sas­si­natos de ino­centes e es­tu­pros sis­te­má­ticos.

Por sua vez, o Hamas nega, as­se­gu­rando que tais qua­li­dades dis­tin­guem seus ini­migos, os is­ra­e­lenses. Na ver­dade, entre todas as acu­sa­ções ao Hamas, o que está pro­vado é so­mente a ocor­rência de as­sas­si­natos e es­tu­pros.

Ainda assim, os re­féns mi­li­tares feitos pelos ter­ro­ristas, ao que se sabe, con­ti­nuam vivos nas mãos dos seus cap­tores, pro­vando que nem todos os is­ra­e­lenses presos são mortos, em­bora muitos o sejam.

Quanto aos es­tu­pros, há tes­te­mu­nhas que ga­rantem terem sido ví­timas desse gra­vís­simo crime. No en­tanto, não existem provas de que se trata de uma arma de guerra em­pre­gada pelo Hamas, con­forme o ser­viço de pro­pa­ganda is­ra­e­lense apregoa. Vá­rias mu­lheres is­ra­e­lenses, li­ber­tadas das mãos dos ter­ro­ristas, in­for­maram à im­prensa de Is­rael que foram bem tra­tadas du­rante seu se­questro.

Mé­dicos is­ra­e­lenses exa­mi­naram 1.100 mu­lheres do país que mor­reram no ataque de 7 de ou­tubro e no se­questro sub­se­quente. Se­gundo in­formou-se, 10% delas so­freram abusos se­xuais; 10% se­riam 110, um nú­mero cho­can­te­mente ele­vado, mas longe da “to­ta­li­dade” de­nun­ciada pelas fontes ofi­ciais do go­verno de Te­la­vive. Não se sabe se os mé­dicos estão fa­lando a ver­dade ou exa­ge­rando, mas esse tipo de pro­fis­si­o­nais cos­tuma ser con­fiável.

Os 40 bebês de­ca­pi­tados, os bebês en­con­trados em fornos, os civis is­ra­e­lenses tor­tu­rados, mu­ti­lados, des­mem­brados, cor­tados em pe­daços etc... Di­fícil crer que te­nham exis­tido, a não ser no cé­rebro vi­ru­lento do pes­soal do Zaka e co­nexos. Não há ne­nhuma tes­te­munha in­de­pen­dente ou prova con­creta que sus­tente tais de­nún­cias. As acu­sa­ções rei­te­radas por Ne­tanyahu e seus vas­salos qua­li­fi­cados não têm cre­di­bi­li­dade por serem eles partes no con­flito. Es­pan­to­sa­mente muitas pes­soas acre­ditam em ab­surdos tão ób­vios.

Ainda sobre 7 de ou­tubro

O Ha­a­retz, jornal li­beral de Is­rael, e o The Gray­zone, site de jor­na­lismo in­ves­ti­ga­tivo, re­a­li­zaram cada qual sua pes­quisa de ações pra­ti­cadas pelos mi­li­tares en­vol­vidos nos com­bates de 7 de ou­tubro.

O re­la­tório do Ha­a­retz in­forma que, na con­fusão que se es­ta­be­leceu no co­mando mi­litar is­ra­e­lense, di­ante do ataque ab­so­lu­ta­mente ines­pe­rado, or­dens foram dadas aos sol­dados para pri­o­rizar a morte de pa­les­tinos, mesmo sendo obri­gados a matar com­pa­nheiros e civis is­ra­e­lenses para poder atingir ter­ro­ristas lo­ca­li­zados pró­ximo a eles.

Obe­de­cendo, um nú­mero apa­ren­te­mente sig­ni­fi­ca­tivo de mi­li­tares foi for­çado a atacar do­mi­cí­lios e ou­tras áreas em al­guns ki­butzim, ao custo de muitas vidas is­ra­e­lenses.

O exér­cito só con­se­guiu res­taurar o con­trole do ki­butz Be’eri de­pois de bom­bar­dear mo­ra­dias de is­ra­e­lenses. O preço teria sido ter­rível: 112 mo­ra­dores do Be’eri aca­baram as­sas­si­nados.

Toval Es­capa, membro da equipe de se­gu­rança do ki­butz, contou ao Ha­a­retz que “os co­man­dantes no campo de ba­talha ti­veram de tomar di­fí­ceis de­ci­sões- in­cluindo bom­bar­dear casas e seus mo­ra­dores a fim de eli­minar os ter­ro­ristas que es­tavam junto com eles”.

In­ves­ti­gação do The Gray­zone apurou que grande parte do bom­bar­deio do ki­butz Be’eri foi re­a­li­zado pelos tri­pu­lantes de tan­ques de guerra. Como um re­pórter no site da emis­sora i124 ob­servou em vi­sita ao Be’eri, “pe­quenas casas foram bom­bar­de­adas e des­truídas e ras­tros de um veí­culo ar­mado, talvez um tanque, eram vi­sí­veis” (só Is­rael tem tan­ques).

Os he­li­cóp­teros Apache foram fun­da­men­tais na res­posta is­ra­e­lense. Pi­lotos in­for­maram à mídia que er­gueram voo sem qual­quer in­for­mação da in­te­li­gência, sen­tiam-se in­ca­pazes de di­fe­ren­ciar guer­reiros do Hamas de civis is­ra­e­lenses não com­ba­tentes. Tendo em mente as or­dens su­pe­ri­ores, na dú­vida, abriam fogo contra quem viam, ar­ris­cando-se a matar com­pa­tri­otas.

Yasmin Porat, uma refém is­ra­e­lense li­ber­tada, de­clarou, em en­tre­vista à Radio de Is­rael, que “in­dis­cu­ti­vel­mente ”as forças es­pe­ciais is­ra­e­lenses ma­taram nu­me­rosos is­ra­e­lenses civis. “Eles eli­mi­naram todo mundo”, ela afirmou, “in­clu­sive os re­féns”.

The Gray­zone cita de­poi­mentos de muitos ou­tros con­ci­da­dãos de Ne­tanyahu, re­ve­lando que os mi­li­tares de Is­rael ma­taram ou fe­riram por en­gano grande nú­mero de civis is­ra­e­lenses e pa­les­tinos.

Há até quem as­se­gure que a mai­oria das ví­timas do aten­tado de 7 de ou­tubro per­deram a vida por obra de mi­li­tares de Is­rael, se­guindo as or­dens do seu alto co­mando. Há wishful thin­king na afir­mação.

Por outro lado, é pro­vável que a au­toria dessa de­cisão fu­nesta tenha sido mesmo
ema­nada dos prin­ci­pais lí­deres mi­li­tares do re­gime si­o­nista, con­forme di­versos tes­te­mu­nhos de ci­da­dãos is­ra­e­lenses.

Essa ideia de matar civis ino­centes, até mesmo com­pa­tri­otas, para assim se li­quidar ini­migos de Is­rael pa­rece ser uma es­tra­tégia pra­ti­cada de­li­be­ra­da­mente pelo re­gime si­o­nista. Além dos fatos aqui nar­rados lem­bramos o mas­sacre de de­zenas de mi­lhares de civis pa­les­tinos, com o ob­je­tivo de matar uns poucos mem­bros do Hamas, si­tu­ados entre eles.

Será que isso é mo­ral­mente aceito do ponto de vista dos va­lores da ci­vi­li­zação norte-ame­ri­cana?

Biden es­quece dessas coisas ao se de­clarar in­con­di­ci­o­nal­mente li­gado a Is­rael e en­viar di­a­ri­a­mente às forças is­ra­e­lenses bombas de 1 e até de 2 to­ne­ladas para trans­formar Gaza e seu povo em po­eira.

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Luiz Eça

Co­meçou sua vida pro­fis­si­onal como jor­na­lista e re­dator de pro­pa­ganda. Es­creve sobre po­lí­tica in­ter­na­ci­onal.

Luiz Eça

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