"Perdoo o assassino da minha mulher"


Husna Ara Parvin, de 42 anos, morreu baleada quando foi em socorro do marido paraplégico, Farid Ahmad, na mesquita Al Noor, em Christchurch. Foi uma das quatro mulheres assassinadas no ataque terrorista na Nova Zelândia, perpetrado por um supremacista branco australiano, Brenton Tarrant, informa a France Presse.

“Não lhe guardo mais rancor. Perdoo-o”, disse Ahmad do autor do massacre. “Guardo-lhe amor e compreensão como ser humano, apesar do que ele fez. Nada na vida é melhor que o perdão, a generosidade, o amor ao próximo”.

O casal emigrou do Bangladesh para a Nova Zelândia em 1994, onde teve uma filha. Ahamad ficou paraplégico depois de ser atropelado por um condutor alcoolizado em 1998. Como fazia todas as sextas-feiras, Husna levava o marido à mesquita por volta do meio-dia. Quando começou o tiroteio encontrava-se na zona da mesquita reservada às mulheres. Imediatamente ajudou outras mulheres e crianças a sair do edifício. Depois, correu em direcção à zona onde os homens rezavam para salvar o marido.

“Quando ela se aproximava do portão foi atingida pelas balas”, contou o marido, que apenas soube da sua morte quando viu as fotos do seu cadáver ensanguentado nos media. “Eu reconheci-a logo quando me mostraram a foto…”.  “Este homem continuava a disparar contra as pessoas mesmo depois de mortas. Ele continuava a disparar, uma, duas, três vezes. Foi isso que deu tempo para que alguns de nós escapassem”.

No último domingo enfrentou a difícil tarefa de identificar o corpo da mulher. Fala dela com saudade, tentando manter um sorriso e a compostura. Se pudesse encontrar o assassino, dir-lhe-ia para reflectir sobre o que fez, afirma. “Gostava de lhe dizer que ele tem este grande potencial para ser um homem bom, generoso. Alguém que pode ajudar a salvar a humanidade, não destrui-la. Que quero que ele mantenha uma atitude positiva na vida e ainda venha a tornar-se num cidadão exemplar”.

Quando foi levado a tribunal, o assassino fez um gesto com as mãos aludindo à simbologia dos movimentos supremacistas brancos. Num “manifesto” de 70 páginas que colocou na Internet, repleto de afirmações racistas, descreve com detalhe como preparou o massacre ao longo de dois anos, depois de uma viagem que fez à Europa.


Fonte: https://www.siasat.com/news/islam-husband-victim-forgives-nz-mosque-shooter-1478258/

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