O plano para esconder a mãe de Jesus



A sua figura provocou uma das guerras mais violentas de sempre nos corredores da Igreja Católica. Houve agressões físicas, subornos e excomunhões. Quem quis apagar da História a mulher mais adorada em todo o mundo? E porquê? Desde o início que se tentou ocultar o papel de Maria. Os evangelhos canónicos (os textos aceites pela Igreja Católica) quase não falam dela. O Evangelho Segundo S. Mateus, no qual é mais referida, consagra-lhe apenas 17 versículos, entre 1068. Em todo o Novo Testamento o seu nome é designado uma dezena de vezes - mesmo assim, menos do que, por exemplo, Maria Madalena. E até no Alcorão, o texto sagrado do Islão, Maria surge mais vezes do que nos evangelhos. Parece que, para os seus autores, a mãe de Jesus não era muito importante. Ou será que a Igreja tentou escondê-la por razões misteriosas?

SUSANA LÚCIO / SÁBADO

Os bispos nunca tinham estado tão divididos. Na véspera da votação, os seminários, conventos e restaurantes à volta do Vaticano fervilhavam em acesas discussões. A 29 de Outubro de 1963, em pleno Concílio Vaticano II, a Basílica de São Pedro ia encher-se para decidir se a Virgem Maria merecia constar de um texto só para si ou se faria parte simplesmente de um texto geral. Se vencesse a primeira posição, Maria poderia ser consagrada co-redentora e isso significaria que Jesus teria tido a ajuda da mãe na salvação da Humanidade. Algo impensável para a Igreja mais conservadora.

Na manhã da votação, à entrada da basílica, os bispos orientais distribuíram panfletos a apelar a favor de um texto particular sobre Maria. No momento da votação fez-se silêncio absoluto. Entre os 2193 presentes, 1114 votaram contra, 1074 a favor e cinco não quiseram pronunciar-se. A consternação foi geral.

Mas 15 anos depois, num outro tipo de votação, foram os apoiantes de Maria que venceram. Em 1978 foi eleito João Paulo II, aquele que se tornaria no sumo pontífice mais dedicado à Virgem Maria. O Papa polaco ofereceu-lhe o seu pontificado, adoptando como lema Totus Tuus (Todo Teu) e mandando colocar no seu brasão, contra as regras heráldicas, o "M" de Maria. Durante o seu pontificado, João Paulo II visitou vários templos marianos (incluindo, por três vezes, o Santuário de Fátima) e até atribuiu à intervenção da mãe de Jesus a sua sobrevivência à tentativa de assassinato que sofreu no dia 13 de Maio de 1981, em Roma. E ainda concretizou o maior desejo dos bispos do Oriente - referiu-se a Maria, mais do que uma vez, como co-redentora.

Foi a vitória absoluta dos defensores de Maria numa guerra violenta que se arrastou durante séculos nos corredores da Igreja e que envolveu subornos, excomunhões, acusações de falsas aparições e cismas. Era o fim da incrível história da mulher mais venerada no mundo.

Desde o início que se tentou ocultar o papel de Maria. Os evangelhos canónicos (os textos aceites pela Igreja Católica) quase não falam dela. O Evangelho Segundo S. Mateus, no qual é mais referida, consagra-lhe apenas 17 versículos, entre 1068. Em todo o Novo Testamento o seu nome é designado uma dezena de vezes - mesmo assim, menos do que, por exemplo, Maria Madalena. E até no Alcorão, o texto sagrado do Islão, Maria surge mais vezes do que nos evangelhos. Parece que, para os seus autores, a mãe de Jesus não era muito importante. Ou será que a Igreja tentou escondê-la por razões misteriosas?

Paulo nunca se refere a Maria

Vários especialistas defendem esta teoria. Nos primeiros anos do cristianismo, a história de Maria era demasiado parecida com as lendas das deusas que o mundo então venerava. Também elas tinham sido fecundadas por deuses e pelo menos uma, Ísis, tinha concebido sem ter tido qualquer relação sexual. O risco de Maria ser tratada como mais uma deusa era evidente - e isso colocava em risco a promoção do cristianismo como uma religião de um só deus. "Os apóstolos tiveram então de ocultar Maria dos seus ensinamentos", explica Rui Alberto Silva, especialista em Ciência das Religiões pela Universidade de Oxford.

Havia mais razões para isso. Alguns apóstolos consideravam que a mulher era impura e que Maria seria uma mancha na divindade de Cristo. Tinha de ser omitida. Paulo, o apóstolo mais importante no desenvolvimento do cristianismo e autor de 14 dos 27 textos que constituem o Novo Testamento, nunca se refere a Maria. Na Epístola aos Gálatas, diz apenas que o filho de Deus nasceu de uma mulher.

Mas, contra os planos dos apóstolos, a veneração de Maria cresceu entre as populações, sobretudo no Oriente. "Havia uma grande apetência por cultos de divindades femininas. O culto de Ísis, figura de mãe extremosa, estava na altura disseminado por todo o Mediterrâneo. A imagem que conhecemos de Nossa Senhora com o menino ao colo tem origem nas imagens de Ísis com o filho Hórus", explica Paulo Mendes Pinto, professor de Ciência das Religiões na Universidade Lusófona.

Havia até comunidades que adoravam Maria como uma deusa. As coliridianas, na Arábia, ofereciam-lhe pequenos bolos chamados coliridas. E, em algumas, eram as mulheres que presidiam ao culto, baptizavam e consagravam. Os teólogos da Igreja condenavam estas práticas e escreviam cartas às comunidades, tentando corrigir os erros. Sem êxito. Os cristãos dividiam-se em facções e uma delas, a dos arianos, defendia mesmo que Jesus era filho natural de Maria e José e só depois se tornara o Messias. Perante uma situação que ameaçava tornar-se incontrolável, era urgente definir o culto a Jesus e reduzir o papel de Maria.

Foi com este objectivo que, no ano de 325, se convocou o primeiro concílio fundador da Igreja - que só podia acabar da pior maneira, com uma demonstração radical de força. Os bispos reuniram-se em Niceia (Turquia) e, por maioria, afirmaram Jesus como filho de Deus. Os arianos, que perderam a votação, foram excomungados de imediato. Atanásio, bispo de Alexandria, aproveitou o momento e determinou os textos que fariam parte do cânone da Igreja. Para o Novo Testamento foram escolhidos 27 textos: os quatro Evangelhos, de Mateus, Marcos, Lucas e João, os Actos dos Apóstolos, as 14 Cartas (Epístolas) de Paulo, três de João, duas de Pedro, uma de Tiago, uma de Judas e o Apocalipse. Sem surpresa, ficou de fora o texto que mais se refere a Maria, o Proto-Evangelho de Tiago. Podia ter sido o fim da batalha pela mãe de Jesus - mas era só o começo.

A infância e a educação

Maria nasceu entre o ano 23 e 20 a. C. e a sua vida foi objecto de conflito na hierarquia da Igreja quase desde o início. O Proto-Evangelho de Tiago conta que era filha de um homem rico, chamado Joaquim, casado há muitos anos com Ana. O casal vivia infeliz por não ter filhos - para os judeus, isso era um castigo de Deus. Joaquim decidiu então jejuar no deserto durante 40 dias e 40 noites e pediu a intervenção divina. Pouco depois, um anjo apareceu a Ana e anunciou-lhe: "Conceberás e darás à luz e de tua prole se falará em todo o mundo."

Ana dedicou a menina a Deus. Construiu um santuário no quarto de Maria e, quando esta completou 3 anos de idade, entregou-a ao Templo de Jerusalém. Os sacerdotes sentaram Maria no terceiro degrau do altar e a menina dançou.

A Igreja Ortodoxa Copta, fundada no Egipto pelo apóstolo Marcos no século I, acredita que Maria foi entregue ao templo para ser educada. Lá terá lido as escrituras e feito um voto de castidade. Mas esta versão da história é simplesmente impossível. "O Templo de Jerusalém estava dividido em várias partes e havia um pátio onde as mulheres podiam entrar, mas para lá das duas colunas da entrada do templo só podiam entrar os homens da tribo de Levi, os levitas", garante o especialista em Ciência das Religiões Rui Alberto Silva.

O mais provável é que Maria tenha crescido junto dos pais. Aos 6 anos frequentou a escola da sinagoga da aldeia, onde aprendeu Geografia, História, Cálculo e a Tora, o texto sagrado dos judeus. A mãe ter-lhe-á ensinado a fiar, tecer, moer milho e cozer pão - tudo o que uma boa mulher judia devia fazer. Aos 14 anos, após a primeira menstruação, Maria estava apta para casar e os pais prometeram-na a José, um artesão de Nazaré.

Mas no Proto-Evangelho de Tiago a história é muito diferente. Maria vive no templo e é Deus quem lhe escolhe o noivo. Um anjo visita o sumo sacerdote Zacarias e pede-lhe que reúna os viúvos e os seus bastões: Deus indicará o noivo de Maria. E o sinal é uma pomba que surge do bastão de José. O viúvo ainda tenta escapar ao noivado: "Tenho filhos e sou velho, enquanto ela é uma menina. Não quero ser sujeito a zombaria por parte dos filhos de Israel." Mas o sacerdote ameaça-o com o castigo divino e José leva Maria para sua casa.

É nesta fase da vida que Maria é pela primeira vez referida nos evangelhos canónicos. Lucas apresenta-a como uma virgem prometida a José a quem o anjo Gabriel chama de bendita entre as mulheres e lhe diz: "Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus. E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus."

O discurso de Proclo

E é precisamente por causa disto que Maria é apontada como sendo a mulher escolhida por Deus - e que, apesar das restrições impostas pela Igreja, o povo a passou a venerar. De tal forma que, no século V, a Igreja foi obrigada a reconhecê-lo. Segundo Jacques Duquesne, autor de Maria: A Verdadeira História da Mãe de Deus, tudo começou num domingo em Constantinopla. Proclo, um sacerdote célebre pelos sermões, fora convidado pelo patriarca da cidade, Nestório, a discursar. Proclo falou de Maria como a mãe de Deus. O patriarca não se conteve. Levantou-se do trono episcopal e, enfurecido, esmurrou o sacerdote, enquanto explicava aos fiéis assustados que Proclo falara de Maria como um pagão falava de deusas.

Nestório defendia que Maria fosse designada como mãe de Jesus, porque fora apenas um veículo para a encarnação de Cristo. Pelo contrário, Proclo e o seu mentor, Cirilo, bispo de Alexandria, defendiam que Maria tinha sido fundamental para a encarnação porque a tinha permitido - era, por isso, a ponte entre Deus e a humanidade.

Durante meses, Nestório e Cirilo trocaram cartas azedas, acusando-se mutuamente de heresia. Em toda a parte do império romano, bispos e monges tomaram partido. Cansado da situação, o Imperador Teodósio II convocou um concílio para resolver a questão. E, em 10 dias, Maria passaria de segredo envergonhado a rainha da Igreja.

O concílio decorreu em Julho de 431 na cidade de Éfeso (Turquia) e foi no mínimo escandaloso. Cirilo, que partia em desvantagem, uma vez que o imperador apoiava Nestório, enviou agentes a Constantinopla e distribuiu prendas e subornos entre os bispos. Depois, aproveitou a sorte. Foi o primeiro a chegar a Éfeso e nem esperou pelos bispos partidários de Nestório. Sem autorização imperial, abriu o concílio e, recorrendo-se de todos os textos antigos, mesmo dos não reconhecidos pela Igreja, contou a história de Maria e acrescentou novidades. Apresentou-a como virgem perpétua e garantiu que, depois de morrer, fora elevada ao céu ali mesmo, em Éfeso. Duas ideias que se tornariam mais tarde dogmas da Igreja.

Nestório protestou e boicotou o concílio - mas perdeu a votação. Maria foi louvada como "mãe de Deus e coroa da virgindade", Nestório foi excomungado e Proclo, o sacerdote esmurrado, tomou o seu lugar como patriarca de Constantinopla.

A cristianização do Ocidente

O concílio de Éfeso deu novo impulso ao culto de Maria. Multiplicaram-se as festas em sua honra: a Concepção, a 8 de Dezembro; o Nascimento, a 8 de Setembro; e a Assunção aos céus, a 15 de Agosto. Surgiram novas ordens religiosas dedicadas a ela e propagaram-se as imagens da mãe de Deus. "Tendo em conta que o culto de figuras femininas era uma tradição religiosa no Mediterrâneo, Maria tinha as características necessárias para ser uma figura divina: era mulher e mãe. É a ela que se deve a cristianização do Ocidente", explica o professor de Ciência das Religiões Paulo Mendes Pinto.

A ideia de Cirilo de que Maria terá permitido a encarnação é justificada com a passagem do Evangelho Segundo S. Lucas em que a menina de 14 anos pergunta ao anjo como irá engravidar. Maria sabia que, se aparecesse grávida sem ter consumado o casamento com José, seria alvo dos mexericos da aldeia. Pior: arriscar-se-ia a ser condenada por adultério, crime que a lei judaica punia na altura com a morte por apedrejamento.

O Evangelho Segundo S. Mateus conta que, quando José descobriu o estado da sua noiva, quis recusá-la em segredo. Mas um anjo apareceu-lhe em sonhos e confirmou a história que ela contava. Alguns historiadores acreditam que Mateus tentou, desta forma, reagir a boatos que corriam entre os judeus e que garantiam que Jesus era filho ilegítimo. Mais: afirmam que José renunciou à noiva em segredo porque não a culpava, uma vez que Maria teria sido violada por um soldado romano.
Os primeiros indícios desta teoria surgiram por volta do ano 178 d. C. No texto Da Verdadeira Doutrina, o filósofo grego Celso escreveu que Maria "engravidara de um soldado romano chamado Panthera". Segundo James D. Tabor, chefe do departamento de Estudos Religiosos da Universidade da Carolina do Norte e autor do livro A Dinastia de Jesus, esta afirmação aparece antes ainda. Um rabi do século I chamado Eliezer ben Hircano relatou ensinamentos transmitidos por um seguidor de Jesus chamado Jacob de Sikhnin de Séforis e que se referia a Jesus como "filho de Panteri." A história foi contada noutros textos escritos por rabis.

Família numerosa

Os teólogos da Igreja acusaram os judeus de caluniar Maria e Jesus e esforçaram-se por encontrar soluções. No século IV, o bispo de Constância, Epifânio, admitiu essa designação, mas explicou-a dizendo que o pai de José se chamava Jacob Panthera. Mais tarde, no século VIII, foi o teólogo João Damasceno que garantiu que Panthera era o bisavô de Maria.

Mas em 1859 foi descoberta na Alemanha uma nova peça do puzzle. Num cemitério romano foi encontrada uma lápide de um soldado romano chamado Tiberius Julius Abdes Pantera. No epitáfio lia-se que Pantera era de Sídon, uma vila a norte da Galileia, e prestara serviço na primeira coorte de arqueiros, a mesma que segundo registos romanos esteve presente na Rebelião da Galileia, no ano 4 a. C. - o que coloca Panthera perto de Nazaré na altura em que Maria terá engravidado.

A Igreja ensina que, mesmo depois de dar à luz Jesus, Maria permaneceu virgem até morrer. Uma ideia estranha, se pensarmos que no tempo de Jesus o conceito do voto de virgindade não existia na cultura judaica. "Permanecer virgem era impensável, todas as mulheres judias sonhavam em conceber o Messias", explica Rui Alberto Silva. Para mais, são muitos os textos do Novo Testamento que falam dos irmãos de Jesus. No Evangelho Segundo S. Marcos estão escritos os seus nomes e há referência a irmãs. "Não é Ele o Carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E as suas irmãs não estão aqui entre nós?" Até Paulo, na Epístola aos Gálatas, fala de "Tiago, irmão do Senhor". Maria terá sido, portanto, mãe de uma família numerosa. E, muito provavelmente, viúva, já que o marido, José, deixa de ser mencionado depois da peregrinação ao templo, quando Jesus teria 12 anos.

Irmãos e luta pelo poder

Para conciliar a virgindade de Maria e os irmãos de Jesus, os teólogos cristãos recorreram ao Proto-Evangelho de Tiago, que apresenta José como viúvo e transformam os irmãos de Jesus em meios-irmãos. Outros responsabilizam o autor do evangelho por ter traduzido mal a palavra grega adelfós, que significará primos. A ideia pegou e no Concílio de Constantinopla, em 553 d.C., Maria foi designada aeiparthenos, sempre virgem. O dogma da Virgindade Perpétua foi declarado no século XIII, no quarto Concílio de Latrão.

Para James D. Tabor, os irmãos de Jesus foram quase apagados do Novo Testamento por apenas um motivo: luta pelo poder. Tiago seria o verdadeiro sucessor de Jesus e não Pedro, como acabou por acontecer. Uma das provas reside no Evangelho de Tomé, descoberto no Egipto em 1945, e onde está escrito que Jesus designou Tiago como o seu sucessor.

Os evangelhos descrevem uma relação tensa entre Maria e os seus filhos com Jesus. Para Maria, o filho de Deus prometido pelo anjo Gabriel tornara-se num rabino revolucionário. Tomava refeições com pecadores, tocava em leprosos (condenável pela lei judaica) e perdoava pecados, privilégio restrito aos clérigos. Nas Bodas de Canaã, Jesus troca palavras ásperas com a mãe. "Que queres de mim, mulher? A minha hora ainda não chegou?", diz-lhe, quando Maria o avisa de que se acabou o vinho. De acordo com o Evangelho Segundo S. Marcos, Maria chegou mesmo a tentar travar o filho, porque este estaria fora de si. Mas quando Jesus toma conhecimento de que a família o procura, diz apenas: "Quem é a minha mãe?" Uma frase que terá por certo magoado Maria. Mas não tanto quanto a morte do filho na cruz.

A arte cristã pintou muitas vezes Maria junto da cruz onde o filho foi pregado por volta do ano 30 d. C., em Jerusalém. Os historiadores duvidam, porém, da sua presença. Três dos evangelhos canónicos não mencionam o nome da mãe de Jesus na crucificação. Marcos escreve que as mulheres assistiram ao longe. Lucas e Mateus ignoram por completo a sua presença. Apenas o Evangelho Segundo S. João escreve que Maria estava junto da cruz, o que torna, segundo o especialista em estudos bíblicos alemão Gerd Lüdermann, muito improvável que assim tenha acontecido. Maria terá evitado testemunhar a morte do filho primogénito, mas rezou por ele com os discípulos em Jerusalém, diz o Acto dos Apóstolos. É a última menção a Maria nos textos canónicos.

O mistério final

João acrescentou um último pormenor: na cruz, Jesus terá entregue a mãe ao discípulo por ele "mais amado." O teólogo Ireneu escreveu no século II que esse discípulo seria o próprio João e que ele terá viajado para Éfeso, na Ásia Menor, correspondente à parte asiática da Turquia, para pregar. Segundo a tradição oriental foi aí que Maria morreu aos 58 anos de idade.

Mas até na sua morte há polémicas. Certas correntes garantem que o último suspiro de Maria terá ocorrido em Jerusalém, perto do Monte das Oliveiras. Nos séculos II e III, uma sepultura escavada na rocha foi identificada como o seu túmulo. Lá se ergueu uma igreja no ano 455 d. C., que foi destruída pelos persas, reconstruída pelos cruzados em 1130 e parcialmente demolida pelos muçulmanos. Hoje é local de peregrinação para todos os credos.

Há um terceiro túmulo que terá sido ocultado pelo Vaticano. Segundo Graham Phillips, autor do livro A Conspiração Mariana, a Virgem Maria foi enterrada na ilha galesa de Anglesey, no Reino Unido. A descoberta do túmulo foi feita pelo arqueólogo Giovanni Benedetti, a quem após a segunda Guerra Mundial o Vaticano pediu que investigasse a veracidade dos dois túmulos de Maria. O arqueólogo não encontrou provas conclusivas, mas informou o Vaticano de que descobrira indícios de um terceiro túmulo.

Segundo Graham Phillips, Benedetti ia revelar tudo em livro quando, em 1950, o Papa Pio XII proclamou o dogma da Assunção de Maria. Para a Igreja Católica, Maria foi elevada aos céus, corpo e alma. Ou seja: não poderia existir qualquer túmulo. O arqueólogo foi instigado a calar-se pela poderosa Congregação para a Doutrina da Fé. E assim fez.

Mas Graham Phillips investigou as pistas de Benedetti e descobriu no Vaticano um manuscrito do século IV. Nele está escrito que, após a morte do filho, Maria foi enviada para as ilhas britânicas para fugir às perseguições aos cristãos. Um pouco mais tarde, em 597 d. C., o primeiro bispo da Cantuária, Agostinho, encontrou o túmulo de Maria perto de uma nascente, em Llanerchymedd, na ilha de Anglesey. Enviou uma carta ao Papa Gregório, mas este, crente da assunção de Maria, pediu-lhe segredo.

O dogma da Assunção está relacionado com outro, também ausente de qualquer evangelho, o da Imaculada Conceição. Segundo os teólogos cristãos, Maria nasceu sem mancha do pecado original. A ideia espalhou-se pelas comunidades cristãs nos primeiros séculos da Igreja, mas só foi oficializada pelo Vaticano em 1854, pelo Papa Pio IX. Quatro anos depois, a pastora Bernardette Suborious confirmou o dogma, afirmando ter visto a Virgem Maria em Lourdes, França, e que esta se apresentou como Imaculada Conceição. Coincidência? Talvez não. Se Maria nasceu sem pecado original - como, ninguém explica -, não poderia sofrer a morte, vista como o castigo desse pecado. Assim, terá adormecido e, antes que a pudessem enterrar, terá sido elevada aos céus para junto do filho. Uma vida tão misteriosa só podia acabar com um mistério ainda maior.

Mistérios e subornos

O papel de Maria na Igreja foi marcado ao longo dos séculos por cismas, seitas, defensores e opositores

O maior cisma - O Concílio de Éfeso, 431 d. C., dividiu os que defendiam que Maria tinha permitido a encarnação de Cristo e aqueles que argumentavam que ela tinha sido apenas um veículo. Ganharam os primeiros; os segundos foram excomungados.

Os subornos - Para defender a sua posição de que Maria era mãe de Deus, Cirilo, Patriarca de Alexandria, ofereceu subornos no Concílio de Éfeso.

O Papa que mais a defendeu - João Paulo II dedicou-lhe o seu pontificado, imprimiu o "M" de Maria no seu brasão de armas, onde inscreveu Todo Teu, visitou vários templos marianos e atribuiu a Maria o milagre de não ter morrido no atentado que sofreu em 1981, em Roma.

O Bispo que mais a atacou - Para combater as seitas que veneravam Maria, o Patriarca de Alexandria definiu os textos bíblicos reconhecidos, afastando aqueles que mais falavam dela.

As excomunhões - Nestório, Patriarca de Constantinopla, recusou-se a aceitar que Maria era mãe de Deus e foi excomungado pelo Papa Celestino I.

As seitas marianas - As coliridianas eram mulheres que viviam na Arábia. Ofereciam bolos a Maria como se fosse uma deusa. Foram consideradas hereges.

O maior mistério - Em 1917, em Fátima, Maria terá contado três segredos aos três pastorinhos. O primeiro previa a morte dos pastorinhos. O segundo o fim da Primeira Guerra Mundial, a eclosão da Segunda Guerra e a conversão da Rússia comunista. O terceiro só foi revelado em 2000 e ainda é contestado: previa a tentativa de assassinato de João Paulo II.

Este artigo foi originalmente publicado na edição 242 da revista SÁBADO, nas bancas a 18 de Dezembro de 2008.

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Saiba o que fez Jesus dos 12 aos 30 anos

O filho de Maria poderá ter-se casado, como todos os judeus da altura, ou dedicado ao estudo dos evangelhos. Há quem defenda que Jesus tenha viajado até à Índia e ao Tibete

Quando Jesus tinha 12 anos, foi a Jerusalém para a festa da Páscoa judaica e separou-se misteriosamente dos pais. José e Maria só se aperceberam de que o filho não estava com eles quando regressavam a Nazaré. No dia seguinte, decidiram voltar a Jerusalém. "E aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os, e interrogando-os", conta o Evangelho segundo S. Lucas. Jesus saiu do templo e voltou com José e Maria para Nazaré, e cresceu "em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens".

Acaba assim o capítulo 2 desse evangelho. Quem passar para o capítulo seguinte, encontra João Baptista, nas águas do rio Jordão, a baptizar Jesus, "de quase 30 anos". Segue-se a descrição de vários milagres, mas não há qualquer referência aos cerca de 18 anos anteriores, entre o episódio no templo de Jerusalém e a cerimónia no rio Jordão – nem ali, nem nos restantes capítulos do Evangelho segundo S. Lucas, nem em qualquer outro versículo do Novo Testamento.

Os quatro evangelhos, atribuídos aos discípulos Mateus e João, e a Marcos e Lucas, dois ajudantes do apóstolo Paulo, terão sido escritos por autores desconhecidos, nas últimas três décadas do século I, ou seja, cerca de 40 a 70 anos depois da morte na cruz. Mas não permitem reconstituir uma biografia completa de Jesus. Por isso, estes 18 anos – entre os 12 e os 30 – da sua vida continuam a ser um dos mistérios mais fascinantes e mais difíceis de desvendar por todos os investigadores.

Apesar dos feitos de Jesus descritos na Bíblia, os historiadores da época não lhe atribuíram grande importância. Quando morreu, era tão irrelevante como os dois assaltantes que foram crucificados ao mesmo tempo, cujos nomes são desconhecidos.

O historiador romano Flávio Josefo, nascido cerca de sete anos depois da morte de Jesus, escreveu a única história do judaísmo na Palestina do século I. Chama-se Antiguidades Judaicas e é uma fonte fundamental sobre este período, mas Cristo é alvo de apenas um parágrafo, em que são elogiadas as suas obras extraordinárias. E é um parágrafo suspeito: como o texto foi conservado por escribas cristãos, é possível que tenha sido adulterado para engrandecer a imagem do filho de Maria e José – é o que defende Ed Parish Sanders, autor de A Verdadeira História de Jesus e um dos mais conceituados especialistas no Novo Testamento.

De resto, há pouquíssimos documentos da época: não foi encontrado o processo contra Jesus nos arquivos romanos e quaisquer arquivos que existissem em Jerusalém terão sido destruídos durante uma guerra no fim do século I.

Dez anos após a sua morte, foram relatadas desordens entre judeus, provocadas pela dúvida sobre a importância de "Chrestos" (uma ligeira alteração à palavra grega "Christos", correspondente à tradução hebraica do termo Messias). E o historiador Caio Tácito deu conta, duas décadas depois, da perseguição ordenada por Nero aos cristãos – um grupo com esta estranha "superstição" de assumir a devoção a um homem crucificado.

Apesar da importância destas referências para reconstituir o início do cristianismo, em nada ajudam a responder às dúvidas sobre o que terá sido a vida de Jesus nos anos ocultos. Como não há nada de irrefutável que possa ser dito sobre este assunto, a maioria dos estudiosos ignora essa imensa parte da sua vida, não analisando sequer as várias hipóteses que têm sido avançadas.

A mais conservadora, e a única oficialmente admitida pela Igreja Católica, é que tenha permanecido em Nazaré, com os pais, a aprofundar os seus estudos sobre os textos sagrados e a trabalhar como carpinteiro. A profissão é referida no Evangelho segundo S. Marcos, através da reacção de espanto dos nazarenos, quando Jesus começou a pregar na sinagoga: "De onde lhe vem tudo isto? Onde foi que arranjou tanta sabedoria? (…) Este homem não é o carpinteiro da Nazaré?"

Já no Evangelho segundo S. Mateus, Jesus não é descrito como carpinteiro, mas sim como filho do carpinteiro – uma alteração interpretada por alguns historiadores como motivada pelo pudor de atribuir aquela profissão a Cristo. Em rigor, ninguém consegue clarificar se era mesmo carpinteiro. O termo original em grego, tekton, pode designar também um pedreiro ou um mestre de obras, pelo que é possível que até ter cerca de 24 anos Jesus tenha participado na reconstrução de Séforis, a capital da Galileia, que ficava a uma hora de viagem da Nazaré.

Embora houvesse burros e camelos, a maioria das pessoas viajava a pé, em grupo, para melhor se defenderem dos perigos dos assaltos constantes e dos ataques de leões. Nazaré, onde Jesus terá vivido até à juventude, era uma aldeia no sopé de uma montanha, com cerca de 50 casas, na maioria ocupadas por famílias de pastores e agricultores, que trabalhavam no cultivo das uvas e das azeitonas.
Em Dezembro de 2009, uma escavação arqueológica desvendou o que se pensa ser a primeira casa de Nazaré do tempo de Jesus, uma habitação pequena onde residia uma família simples – e que certamente terá conhecido Jesus, uma vez que a povoação era tão pequena.

Os homens tinham uma esperança média de vida entre os 40 e os 45 anos, mas era ainda assim superior à das mulheres, pelo que muitos viúvos se casavam depois com mulheres mais novas. A mortalidade infantil atingia os 50% e uma simples ferida numa mão ou um problema dentário podia colocar qualquer pessoa em risco de vida.

A hipótese de Jesus ter sido pedreiro ou carpinteiro é a menos arriscada de todas, até porque era natural que o pai transmitisse ao filho o seu ofício. Mas, seguindo o mesmo critério do que seria natural, surge o problema do estado civil: todos os judeus deviam casar-se e ter filhos quando se aproximavam dos 20 anos, era quase uma obrigação para corresponder à bênção de Deus e para perpetuar o seu povo na Terra. Muito dificilmente Jesus poderia ter sido excepção, defendeu o professor americano de religião e filosofia William E. Phipps.

A pressão religiosa e social seria tão intensa e a obrigação seria tão implícita que dispensaria quaisquer referências na Bíblia. Seria assim razoável supor que Jesus se tivesse casado em Nazaré por volta dos 20 anos, e que tivesse abandonado a mulher e os filhos para se dedicar a espalhar a palavra de Deus no fim da vida. Esta tese foi posta em causa por investigadores que apontavam vários exemplos de outros judeus contemporâneos de Jesus que também optaram pelo celibato.

Entretanto, um novo argumento foi avançado pelo responsável pelo departamento de estudos religiosos da Universidade da Carolina do Norte, James Tabor, que trabalhou como consultor no filme de James Cameron sobre o túmulo encontrado em Jerusalém com ossadas que poderiam ser de Jesus, de Maria Madalena e de um filho de ambos, Judá.

Tabor diz que, apesar de o Novo Testamento não mencionar a mulher de Jesus, a primeira carta de Paulo aos coríntios refere que Pedro, os outros apóstolos e os irmãos do senhor andavam acompanhados pelas mulheres, pelo que as suas despesas também deviam ser suportadas pela comunidade. Esta prova de que os discípulos e os irmãos de Jesus eram casados não encontra eco em nenhuma passagem dos evangelhos. Exceptuando a alusão a uma sogra de Pedro, nunca há referências às mulheres, o que levou o investigador a traçar o paralelismo com Jesus – que também podia assim ser casado sem que isso fosse referido no Novo Testamento.

O episódio mais dúbio surge no Evangelho segundo S. Lucas, quando Maria de Betânia usa os seus cabelos para espalhar perfume de nardo, muito caro, nos pés de Jesus. Uma cena de "grande conteúdo erótico", como assinala António Piñero, professor catedrático de Filologia Grega na Universidade Complutense de Madrid, no seu livro Jesus, a Vida Oculta.

Alguns investigadores dizem que Maria de Betânia e Maria Madalena são a mesma pessoa, mas a tese tem sido rejeitada pela Igreja Católica. A possível relação entre Jesus e Maria Madalena é referida em três evangelhos apócrifos – são documentos que, por terem sido elaborados muito depois da morte de Jesus ou por veicularem ideias que a Igreja considerava incorrectas, foram excluídos do Novo Testamento. A sua fiabilidade, na maioria dos casos, é de facto reduzida. Outro apócrifo, o Evangelho segundo S. Tomé, aponta Salomé como a esposa de Jesus.

Uma outra hipótese para ajudar a deslindar o mistério sobre estes 18 anos na vida de Jesus foi avançada por Bruce Chilton. Este professor catedrático de Cristianismo Primitivo admitiu que, aos 12 anos, Jesus não tivesse deixado o templo de Jerusalém para regressar a Nazaré com os pais, mas antes tivesse permanecido mais algum tempo na cidade, a viver como um vagabundo, e que depois se tivesse encontrado com João Baptista, pregador judeu e filho de uma prima de Maria.

Jesus teria assim passado estes anos nas margens do rio Jordão, a aprender os ensinamentos de João Baptista. Bruce Chilton acha que, se tivesse ficado a viver numa aldeia como Nazaré, Jesus dificilmente se teria transformado num "génio religioso apaixonado".

Caso tenha crescido com João Baptista, a juventude de Jesus pode ter decorrido numa comunidade isolada, num regime de pobreza voluntária. Era assim que viviam os essénios, uma das seitas em que se dividiram os judeus, e a que teria pertencido o pregador que baptizou Cristo, conta a investigadora de assuntos religiosos e ex-freira Karen Armstrong no livro História de Deus. João Baptista foi mesmo descrito no Novo Testamento como um homem das cavernas, que vestia "peles de camelo" e "comia gafanhotos e mel silvestre".

A impossibilidade de apresentar provas que confirmem este percurso leva a que a tese seja facilmente rebatida pelos outros investigadores, como o padre e teólogo catalão Armand Puig, autor de uma extensa biografia de Jesus: "Não há dúvida de que uma conclusão deste tipo facilita muito as coisas, uma vez que dá nome e lugar ao mestre de Jesus e ‘explica’ a sua formação e os seus conhecimentos. Não obstante, trata-se de uma proposta sem muitos indícios que a sustentem".

O próprio Papa Bento XVI publicou em 2006 o livro Jesus de Nazaré, que tinha começado a escrever antes ainda de ser eleito no conclave do ano anterior. Na obra, o líder da Igreja reconhece que "é fundamental para a fé bíblica a referência a acontecimentos históricos reais", mas critica as últimas reconstruções da imagem de Jesus com base na pesquisa histórico-crítica: "São muito mais a fotografia dos autores e dos seus ideais do que a reposição de um ícone que entretanto se tinha diluído". A consequência, alerta, é o aumento da desconfiança em relação a Cristo. O livro de Bento XVI baseia-se exclusivamente nos evangelhos e começa logo com o baptizado, perto dos 30 anos.

O biblista e padre Armindo Vaz justifica a ausência de referências do Papa a este período entre os 12 e os 30 anos: "Normalmente não se diz nada sobre a infância e a juventude das outras grandes personagens bíblicas. Se não há nada nos evangelhos sobre esses anos, é porque não aconteceu nada de relevante."

Uma outra tese que tem sido avançada para explicar como Jesus viveu estes anos implica uma longa viagem à Índia e ao Tibete. Parece mirabolante, mas é talvez a hipótese que tem maior sustentação documental: os monges do mosteiro budista de Himis, no Tibete, conservaram um manuscrito que relata como um profeta judeu, o Santo Issah (nome indiano para Jesus), passou a juventude com os seus antepassados do século I.

O documento foi copiado em 1887, a partir de dois processos com folhas amarelecidas, por Nicolas Notovitch, um jornalista e médico russo que visitou o mosteiro. O texto contém 244 versículos ou pequenos parágrafos, que o jornalista dividiu em 14 capítulos e publicou em 1894 num livro a que chamou A Vida Desconhecida de Jesus Cristo.

Aí conta-se que Jesus fugiu de casa quando tinha 13 anos e apanhou boleia de comerciantes, possivelmente pela Rota da Seda, em camelos, em direcção ao templo de Jagannath, no Sudeste da Índia, onde ficou durante seis anos com sacerdotes locais, a estudar os Vedas (escrituras hindus), a aprender a pregar, a curar doentes e a fazer exorcismos.

Depois pregou às castas mais pobres, o que terá desagradado às autoridades e o levou a sair da Índia e a passar os seis anos seguintes a estudar textos sagrados em mosteiros no Nepal e no Tibete, incluindo dois meses em Himis, onde Nicolas Notovitch encontrou o manuscrito.

O livro do jornalista russo foi um sucesso editorial, mas provocou enorme polémica e a autenticidade dos documentos foi posta em causa. Três décadas mais tarde, a existência do manuscrito foi confirmada por Swami Abhedananda, um religioso hindu.

O explorador e pintor russo Nicholas Roerich foi ainda mais longe: não só confirmou a existência do manuscrito, como organizou uma expedição à Ásia central com o filho mais velho, arqueólogo, e mais oito europeus e 36 nativos, em 102 camelos, cavalos e mulas – e em vários locais ouviram as histórias da presença de Jesus no território durante os anos de que o Novo Testamento não fala.

Mais recentemente, o próprio líder espiritual da religião hindu, o Shankaracharya, concedeu uma rara entrevista para o documentário Jesus na Índia, em que cita documentos antigos para confirmar a presença de Cristo na região. E acusou as autoridades católicas de ocultarem deliberadamente informações sobre esta viagem para não reconhecerem a influência hindu em Jesus: "Os cristãos não acreditam. Sabem que Jesus esteve desaparecido muitos anos. Onde esteve? Onde viveu? Por onde andou? Viveu em Caxemira. Viajou por toda a Índia. A verdade tem sido escondida."

Paul Davids, o realizador deste filme, publicou um artigo no site Huffington Post onde se mostrava esperançado em contribuir para encontrar a pista que faltava para desvendar o mistério sobre estes 18 anos de Jesus: "Toda a gente tem direito ao cepticismo, mas quem rejeitar o desafio de considerar esta hipótese pode estar a privar-se de conhecer um puzzle extraordinário."

PEDRO JORGE CASTRO

Artigo publicado originalmente na edição n.º 399 da SÁBADO, no dia 22 de Dezembro de 2011.

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