Fernando Pessoa e a cultura árabe-islâmica: de Al-Cossar a Omar Khayyam


Por Fabrizio Boscaglia

Durante setenta e cinco anos, desde a morte de Fernando Pessoa até 2010,3 a presença árabe-islâmica na obra do autor da Mensagem foi objeto de estudo em apenas duas ocasiões.4 Trata-se de um breve escrito de José Augusto Seabra publicado em 1996 e intitulado «Fernando Pessoa, Al-Mutamid et le sébastianisme» e de um ensaio de Márcia Manir Miguel Feitosa, datado de 1998 e dedicado a Fernando Pessoa e Omar Khayyam.5 Outra referência inerente a esta área dos estudos pessoanos é o trabalho de Maria Aliete Galhoz, que editou as Rubaiyat de Pessoa6 inspiradas pela homónima obra poética de Omar Khayyam,7 sendo que a presença do sábio persa na obra de Pessoa foi abordada, ao longo das décadas, também por outros investigadores, tais como Alexandrino Severino, Patrick Quillier e Jerónimo Pizarro, entre outros. 

Na presente comunicação pretende-se dar a conhecer alguns textos contidos nos arquivos pessoanos, com o intuito de apresentar uma panorâmica introdutória sobre a presença da cultura árabe-islâmica em Pessoa. O objetivo é de melhor se poder contextualizar e analisar algumas passagens que se encontram na obra pessoana, tal como esta: «Não ha profundo movimento portuguez que não seja um movimento arabe, porque a alma arabe é o fundo da alma portugueza».

Como é sabido, Pessoa é considerado um dos grandes intérpretes desta «alma portuguesa», sendo que a consciência de Pessoa acerca das suas raízes culturais portuguesas terá vindo a aumentar cada vez mais a partir de 1905, aquando do seu regresso para Lisboa após ter sido educado durante cerca de nove anos no sistema de ensino britânico em Durban, na África do Sul. 

Em 1906, alguns meses após ter chegado a Lisboa, o jovem Pessoa frequentava o Curso Superior de Letras, dedicava especial atenção à cadeira de filosofia e escreveu um conto (fragmentário e ainda em inglês) sobre o tema da filosofia islâmica. Trata-se da narração do encontro entre um jovem ávido de conhecimento e um velho sábio árabe, chamado Al-Cossar, a quem o jovem coloca várias questões filosóficas.

Um primeiro elemento a destacar é o nome Al-Cossar, possivelmente inventado por Pessoa com base numa palavra de origem árabe cuja importância na história portuguesa devia já estar bem presente na consciência do jovem Fernando. Trata-se do topónimo Alcácer-Quibir (em árabe al-qar al-kabīr, ‘o castelo grande’), nome da cidade marroquina onde em 1578 tinha falecido/desaparecido El-Rei Dom Sebastião, durante a famosa Batalha dos Três Reis, na qual o exército português tinha sido derrotado pelas tropas do sultão de Marrocos, ʿAbd al-Malik I. A palavra árabe al-qar (‘o palácio’, ‘o castelo’), que constitui a primeira parte do nome da mencionada cidade, tem uma estrutura consonântica (e, portanto, uma pronúncia) parecida com o nome da referida personagem pessoana. 

Um segundo elemento a assinalar é o facto de Al-Cossar ser descrito por Pessoa como «poeta e pensador»10, sendo que a categoria de poeta-pensador tem um específico e significativo lugar na obra e na crítica pessoana, principalmente na vertente filosófica, como salienta Pablo Javier Pérez López.11 Este, aliás, mostra como a referida categoria foi utilizada por Pessoa para descrever a si mesmo,12 bem como para abordar a figura de Antero de Quental, que Pessoa considerava um (seu) «precursor»13 e que terá sido uma referência para Pessoa no que diz respeito à temática árabe-islâmica (v. infra). 
Um terceiro elemento, muito significativo, é o facto de o jovem protagonista do conto pedir a Al-Cossar para lhe explicar o pensamento filosófico de Aristóteles: «Speak to me of God and of the world, of the soul, of matter and of spirit, unfold to me what thy mind hath made of the deep thinker of Stagira, whom thou knowest well.».14 

O papel da filosofia e da civilização islâmicas na transmissão da filosofia e da cultura gregas para a Europa cristã durante a Idade Média foi um tema que atraiu a atenção de Pessoa em vários momentos, como é testemunhado por documentos do espólio bem como da biblioteca particular do autor. Por exemplo, numa versão traduzida para inglês da Divina Commedia de Dante Alighieri, Pessoa deixou um traço lateral a lápis ao lado desta passagem sobre o papel dos filósofos islâmicos na transmissão da obra de Aristóteles para a Europa medieval: 

Avicenna (d. 1037) and Averroës (d. circa 1200) were Arabian physicians and commentators on Aristotle; it was through a Latin translation of the work of Averroës, who was known as the Commentator by excellence, that the philosophy of Aristotle first gained its supremacy in the Middle Ages.15 

Alguns escritos pessoanos estão relacionados com esta temática. Citam-se dois exemplos: «O primeiro estimulo resurrecional foi o dos Arabes. Por elles primeiro accordou a barbarie medieval para a existencia profundamente verdadeira da cultura grega, que a havia de despertar da modorra do baixo-christismo que a characterisava.»16. Noutro texto, Pessoa menciona «o spirito scientifico grego, que foi missão dos arabes transmitir á Europa»17

Voltando agora ao referido conto pessoano sobre a filosofia islâmica, neste encontram-se citados, além do Estagirita, os nomes de sete filósofos islâmicos, cujas doutrinas o jovem protagonista do conto quer aprender pelas palavras do sábio Al- Cossar: 

Al-Kindi, the philosopher by name, Al-Farabi, Ibn-Bâdja of Saragoza, Ibn-Sina, who wrote of medicine, Ibn-Thofail, Al-Gazali, who findeth no truth in the words of thinkers and of sage[,] and Ibn-Roshd, whom we call Averroës, □
[“]Tell me of them. I know what they said, yet I would know what they could not say.18 

Estes pensadores islâmicos tinham sido abordados por Pierre Vallet em Histoire de la Philosophie,19 livro que Pessoa trouxe consigo de Durban para Lisboa em 1905.20 A presença destes nomes nas leituras bem como nos escritos filosóficos de Pessoa permite corroborar uma afirmação de António de Pina Coelho que, apesar de não ter editado escritos sobre filosofia islâmica nos Textos Filosóficos de Fernando Pessoa (1968), ao introduzir esta obra escreveu: «[Pessoa] Estuda as filosofias orientais e neo- platónicas; [...] estuda igualmente os filósofos árabes».21 

É relevante dizer que três dos sete filósofos islâmicos referidos por Pessoa tenham nascido e vivido na península ibérica (Al-Andalus) ao longo dos séculos em que esta se encontrava em grande parte arabizada e islamizada (711-1492), sendo que a presença do Al-Andalus nos escritos de Pessoa é um dos aspetos mais significativos da reflexão do poeta-pensador português sobre a civilização árabe-islâmica. Pessoa acha que os povos ibéricos não são latinos, por serem, antes, romano-árabes: «Nós, ibericos, somos o cruzamento de duas civilizações a romana e a arabe.»22. Em outro texto Pessoa acrescenta: «não porque fomos romano-arabes, mas porque o somos ainda.»23. Pessoa também fala da contribuição científica árabe-islâmica para a realização das viagens marítimas portuguesas e ibéricas: «O primeiro período da nossa historia comum, de ibericos, [...]. Foi o periodo das descobertas, onde o impulso scientifico, nado da ingerencia arabe, orientou a alma do Infante.»24
Nos escritos iberistas de Pessoa (1915-1918), a civilização islâmica do Al- Andalus encontra-se globalmente elogiada: «[A] nossa grande tradição arabe de tolerancia e de livre civilização. E é na proporção em que formos os mantenedores do spirito arabe na Europa que teremos uma individualidade àparte.»25. Notem-se a relevância e a atualidade destas palavras: um poeta e pensador europeu do séc. XX, ocidental, de formação cultural cristã (se bem que não-católico), manifesta a intenção de ser um «mantenedor» isto é, um custódio, um herdeiro, um defensor da componente cultural-civilizacional árabe-islâmica na (e da) Europa. 

Destaca-se principalmente o tema da tolerância no Al-Andalus, onde a civilização islâmica permitiu longos períodos de pacífica convivência entre Judaísmo, Cristianismo e Islão, incentivando um clima de diálogo cultural e de notável produção artística, científica e filosófica.26 

A revelação islâmica, ao apresentar-se como sintética e integrante em relação às revelações anteriores, reconhecidas dentro de uma Mensagem única e coerente, terá atraído o interesse de Pessoa devido a esta característica, principalmente num período (1915-1916) em que Pessoa refletia e escrevia sobre o tema do cosmopolitismo e ainda sobre a «Teosofia», que «admite todas as religiões»27. Aliás, foi ao traduzir um texto teosofista que Pessoa encontrou uma referência à tolerância no Islão, nomeadamente no misticismo-esoterismo islâmico chamado sufismo. Num livro traduzido por Pessoa para português e publicado em Lisboa em 1915 sob o título Os Ideaes da Teosophia, a autora inglesa Annie Besant dedicou um capítulo ao tema da tolerância (inter)religiosa e escolheu um dito tradicional islâmico para abordar este assunto. Pessoa traduziu desta forma a passagem em questão: 

A Tolerancia não pretende julgar e criticar os Ideaes de outrem, quer com o fim de lhe dictar as opiniões que elle deva ter, quer com o fim de lhe dar licença para ter as que tem; comprehende e submette-se á verdade de aquelle grande proverbio sufi: “Os caminhos para Deus são tantos como as respirações dos filhos dos homens.”28 

Na biblioteca particular de Pessoa também se encontram documentos que remetem para a atenção do autor português sobre a tolerância árabe-islâmica. Por exemplo, no livro Espronceda de Antonio Cortón, Pessoa deixou um traço lateral a lápis ao lado desta frase: «[...] los árabes que invadieron la Península en el año 711, ejercían la tolerancia religiosa, hasta el punto de haber dejado á los cristianos, mediante un módico tributo, en absoluta libertad para practicar su religión»29

Ainda num outro documento guardado no espólio pessoano, lê-se que a civilização árabe-islâmica é caraterizada, politicamente, pelas seguintes caraterísticas: «a tolerancia, e o aristocratismo arabes»30.
O tema da tolerância árabe-islâmica está intimamente ligado a outro assunto que marca o pensamento pessoano por volta de 1916: a síntese cultural, literária e filosófica que Pessoa queria realizar através do movimento chamado sensacionismo e da revista Orpheu. A este respeito, provavelmente sob a máscara do filósofo António Mora, Pessoa escreveu: «[Os sensacionistas têm] a vantagem typica do spirito arabe: a universal curiosidade activa, com que acceitam as influencias de todas as bandas, lhes aprofundam o sentido, lhes reunem os resultados e finalmente as transformam na substancia do seu proprio spirito.»31. O suficiente para Pessoa-Mora afirmar: «O sensacionismo é puramente arabe»32; e acrescentar: «A essa corrente chamaram os seus membros o “sensacionismo”; se houvessem tido a noção exacta das origens, ter-lhe- hiam dado, antes, o nome de /neo/-arabismo»33

No mesmo ano em que Pessoa-Mora escrevia estas palavras, Fernando Pessoa publicava na revista Centauro os catorze sonetos ortónimos que compõem o conjunto
intitulado «Passos da Cruz». Aqui, Pessoa expressa a «saudade imperial» metáfora da saudade de uma anterior e perdida condição de existência do seu humano através da figura de Boabdil, último rei muçulmano de Granada antes da conquista cristã da cidade. No «ultimo olhar» do rei andaluz para o perdido lar, Pessoa se reconhece e identifica: 
 
Outrora fui talvez, não Boabdil,
Mas o seu mero ultimo olhar, da estrada Dado ao deixado vulto de Granada, Recorte frio sob o unido anil...
34 

É interessante pensar na possibilidade de comparar as obras de Pessoa e as de outros escritores que trataram da presença árabe-islâmica no Al-Andalus. A este respeito, dois autores que é possível ler em diálogo com Pessoa e que, aliás, foram referenciados por Pessoa em vários momentos da sua obra, são Antero de Quental e Friedrich Nietzsche. Antero, em 1871, afirmou: 

Nem posso tambem deixar esquecidos os Mouros e Judeus, porque foram uma das glorias da Peninsula. [...]
[...] Judeus e Moiros, raças intelligentes, industriosas, a quem a industria e o pensamento peninsulares tanto deveram, e cuja expulsão tem quasi as proporções d’uma calamidade nacional.35 

Assim falou Nietzsche em 1895 (cita-se a tradução para português publicada em Lisboa em 1916 e, quiçá, lida por Pessoa): 

O christianismo fez-nos perder a herança da cultura antiga, fez-nos perder mais tarde a herança da cultura do islamismo. A maravilhosa civilização arabe de Hespanha, mais proxima em summa dos nossos sentidos e dos nossos gestos do que Roma e Grecia, [...] As cruzadas... pirataria em grande escala, nada mais! [...] Guerra de morte a Roma! Paz e amizade com o Islamismo.36 

Eis as palavras de Pessoa, escritas por volta de 1918 e já parcialmente citadas (v. supra): 

[A] nossa grande tradição arabe de tolerancia e de livre civilização. E é na proporção em que formos os mantenedores do spirito arabe na Europa que teremos uma individualidade àparte. [...]
Vinguemos a derrota que os do Norte infligiram aos arabes nossos maiores. Expiemos o crime que commetemos, expulsando da peninsula os arabes que a civilizaram.37 

O confronto referido por Nietzsche entre a civilização romana e a civilização islâmica, aparece também num escrito (possivelmente inédito) de Pessoa: «Os saracenos trouxeram a sciencia, que haviam aprendido dos gregos; e que os romanos não tinham aprendido. Os romanos eram empiricos e practicos, não eram speculativos nem iniciadores.»38

O papel dos «arabes» enquanto iniciadores emerge ainda em dois artigos, intitulados «O renascer de um simbolo Al-Motamide, o iniciador» e «As causas longinquas da homenagem a Al-Motamide»39, provavelmente escritos por Fernando Pessoa e Augusto Ferreira Gomes,40 tendo sido publicados em 1928 e assinados com a sigla «A. F. G.». Estes textos tratam da figura do poeta e rei muçulmano Al-Muʿtamid, originário de Beja e rei de Sevilha, além de cantor da cidade de Silves em vários poemas.
Nestes artigos, Pessoa e Ferreira Gomes comentam um projeto de homenagem a Al-Muʿtamid organizado na cidade de Silves: 
era de esperar que, mais tarde ou mais cedo, houvesse de ser “feita” uma “animação” do espirito arabe, [...]
“A homenagem, claramente pagã41, á memória de Al Motamide, wali de Silves, despertará, nos poucos que já estão despertos, a recordação do Grande Acordo de Março de 1914. [...]”».42 

Note-se a referência ao «Grande Acordo de Março de 1914», acordo estipulado entre o «Concilio Pagão» e a «Ordem Sebastianista».43 Através destas palavras crípticas, Pessoa está provavelmente a falar daquele que o próprio chamou «o dia triunfal da minha vida», ou seja, o dia do «aparecimento» dos heterónimos na obra de Pessoa, sendo este evento datado exatamente de «Março de 1914»44.
No artigo citado, Pessoa parece então dizer que o «dia triunfal» isto é, o heteronimismo, a própria obra pessoana tenha sido uma das «causas longinquas» da «animação do spirito arabe» em Portugal. Consequentemente, esta «animação» terá sido interpretada por Pessoa como um evento pelo qual se estava a realizar a intenção, expressa pelo próprio Pessoa em 1918, de se tornar num dos «mantenedores do spirito arabe» na Europa. Além disso, Pessoa deixa intencionalmente supor que o «espirito arabe» tenha tido um papel oculto no evento axial da construção do mito (pessoal) pessoano, ou seja, o referido «dia triunfal» em que apareceram os heterónimos Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos, além do próprio Fernando Pessoa, enquanto autor da obra ortónima. 

Entre os heterónimos, talvez seja Álvaro de Campos o maior indiciado para ter sido o recetáculo do «espirito arabe» no «dia triunfal» do «Grande Acordo» pessoano. Campos nasceu em Tavira, «no Algarve na parte mais arabe do paiz»,45 foi sensacionista dir-se-ia arabista, seguindo a intuição de António Mora , viajou no Oriente Próximo46 e até as suas caraterísticas somáticas fariam dele um descendente das povoações muçulmanas, segundo Agostinho da Silva: «Nascido em Tavira, pelo outono de 1890, Álvaro de Campos, alto e magro, com seu rapado rosto, entre branco e moreno, de feições ligeiramente semíticas, que, mais do que o aparentarem a judeus, como julgava Fernando Pessoa, o ligam provavelmente à grande massa mourisca do Algarve, [...]»47

Não chegaram a obter o estatuto de heterónimo, mas estão presentes na listagem de autores fictícios inventados e/ou recriados por Pessoa, duas curiosas figuras cujos nomes fazem supor uma qualquer ligação à civilização árabe-islâmica: trata-se de Hadji-Murad, personagem que realmente existiu48 e reinventada por Pessoa como autor de escritos cabalísticos, e de Efbeedee Pasha, escritor de histórias humorísticas em dialeto escocês, apesar do apelido «Pasha» ser claramente de origem turco-otomana.49 

Também curioso é o relato do romancista Mário Domingues, que em 1931 escreveu ter visto Fernando Pessoa no ato de conversar sobre questões árabes com um alemão chamado Ernst Herrman, no café Martinho de Arcada, em Lisboa. Conforme Domingues narrou, Pessoa escutou «com enorme atenção» o conto de Ernst Herrman, relativo a uma viagem deste a Marrocos, onde o alemão terá encontrado um misterioso homem «árabe» chamato «Abd-el-Ram», que conjeturava «[p]rofecias fatídicas» acerca de acontecimentos a ocorrer em Portugal e no mundo nas décadas seguintes.50
Por fim, é imprescindível mencionar de novo a figura de Omar Khayyam, sendo este o autor muçulmano a quem Pessoa dedicou mais atenção. Trata-se, como é sabido, de um poeta, filósofo e cientista persa do século XI, possivelmente interessado nas doutrinas do sufismo e cujas Rubáiyát (rubā‘iyyāt, quadras), traduzidas para inglês por Edward FitzGerald, constituem uma das obras mais lidas, sublinhadas, anotadas, traduzidas e comentadas por Pessoa.51 Este, entre 1926 e 1935, escreveu cerca de cento
e setenta Rubaiyat ortónimas em português, reproduzindo fielmente o estilo, a métrica, as figuras e as temáticas das quadras de Khayyam traduzidas por FitzGerald, numa escrita que dialoga diretamente com as Odes de Ricardo Reis e com o Livro do Desassossego.52 
 
Um tema ainda pouco estudado, neste contexto, é a possível presença de um eco de sabedoria sufi nas Rubaiyat de Pessoa. Com efeito, embora a tradução de FitzGerald tenha parcialmente modificado e adulterado a obra de Khayyam, é possível que alguns elementos originários da mensagem khayyamica nomeadamente elementos místicos e esotéricos do Islão tenham passado pela tradução do tradutor-escritor inglês e tenham atraído a atenção de Pessoa. Este, aliás, contextualmente com o interesse por Khayyam, lia obras de poetas e místicos sufis, tais como Ḥāfiẓ e Rūmī.53
Uma das imagens clássicas da poesia sufi é a figura do coração, “lugar” simbólico da presença Divina noser humano, conforme o dito sagrado transmitido pelo profeta Muammad, pelo qual Allh Deus afirma: «Verdade seja dita céus e terra são incapazes de Me conter, mas o devoto, suave coração do Meu fiel servo é capaz de Me conter».54 Esta sabedoria parece ecoar numa rubā‘i de Pessoa: 

São velhas as estrellas, ellas são
Grandes. Velho e pequeno é o coração,
E contém mais do que as estrellas todas, Sendo, sem spaço, mais que a immensidão.
55 

A presença deste tipo de imagem nas Rubaiyat de Pessoa não nos deve admirar, sendo que a figura do coração como pretexto para falar da presença de Deus “no” homem ou antes, da extinção mística do indivíduo emDeus (fanā’ fī Allāh)56 está presente em vários poemas sufis lidos por Pessoa, entre os quais, possivelmente, algumas Rubaiyat de Khayyam: 

O Heart, from the dust of the body wert thou free,
Then wert thou a naked spirit in the skies.
The Throne of God is thy seat; thy shame let it be
That thou dost come and in this domain of dust dost dwell.
57 

Lendo estes versos e moldando em si um autor de Rubaiyat, quase vinte anos após ter cantado a «saudade imperial» de Boabdil e quase trinta anos após ter percorrido os «profundos pensamentos»58 de Al-Cossar, Fernando Pessoa continuava a alimentar o seu diálogo com as vozes poéticas, filosóficas e místicas da civilização arábico- islâmica. 

_________________

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, Adalberto, «Alguns ecos árabes na literatura portuguesa», in Portugal e o Islão: novos escritos do crescente, Lisboa, Teorema, 2009, pp. 65-95.
, «Pessoa e os Árabes», in Phala, no 49, 1996, p. 161.
, O meu Coração é Árabe: poesia luso-árabe, Lisboa, Assírio & Alvim, 1987.
A
RUFFO, Alessandro, L'Europa e le sue radici islamiche, Roma, Datanews, 2007.
B
ESANT, Annie, Os Ideaes da Theosophia, Tradução de Fernando Pessoa, Lisboa, Livraria Clássica
Editora de A. M. Teixeira, 1915, «Colecção “Theosophica e Esoterica” – II».
B
OSCAGLIA, Fabrizio, «Presence of Islamic philosophy in unpublished writings by the young Fernando
Pessoa», in Pessoa Plural: a Journal of Fernando Pessoa Studies, 2013, 3, 151-190.
, Considerações sobre a presença do elemento arábico-islâmico no sensacionismo e no neo-paganismo
de Fernando Pessoa, Vale d’Infante, Al-Barzakh, 2012.
, «La sabiduría de Omar Khayyām en la lectura de Fernando Pessoa y en la tradición filosófica persa: elementos para una comparación». In Pablo Javier Pérez López, Fernando Calderón Quindós (eds.), El pensar poético de Fernando Pessoa, prefacio de José Saramago, Morata de Tajuña, Manuscritos, 2010, pp. 221-244.
DOMINGUES, Mário, «Profecias fatídicas de um árabe», in Reporter X Semanário das grandes reportagens, ano 1, no 35, 4 de abril de 1931, pp. 8, 9, 14 (BNP/E3, 135C-8-9).
FEITOSA, Márcia Manir Miguel, Fernando Pessoa e Omar Khayyam: o Ruba’iyat na poesia portuguesa do século XX, São Paulo, Giordano, 1998.
F[ERREIRA] G[OMES], A[ugusto], «As causas longinquas da homenagem a Al-Motamide», in O Noticias Ilustrado, série II, no 6, 22 de julho de 1928, p. 15.
, «O renascer de um simbolo Al-Motamide, o iniciador», in O Noticias Ilustrado, série II, no 5, 15 de julho de 1928, p. 22.
JEVOLELLA, Massimo, Le Radici Islamiche dell'Europa, Milano, Boroli, 2005.
[Kazi, Abdul Khaliq, Day Alan B.] [trad.],
Al-Ahadith Al-Qudsiyyah (Divine Narratives), Translated by
Abdul Khaliq Kazi & Alan B. Day, Laguna Niguel, Al-Iman Bookshop Dar Al Kitab Al Arabi-
USA, 1995.
M
UḤAMMAD, Quarenta Ditos Divinos (Aḥadīth Ilāhinna) – Transmitidos pelo Profeta Muḥammad,
Tradução [de] M. N. Vieira, [Estremoz], Al-Barzakh, 2010.
N
IETZ[S]CHE, Frederico [Friedrich], O Anti-Christo Estudo critico sobre a crença christã, Tradução do
Dr. Carlos José de Menezes, Guimarães, Lisboa, 1916 [1895].
P
ÉREZ LÓPEZ, Pablo Javier, Poesía, Ontología y Tragedia en Fernando Pessoa, Manuscritos, Morata de
Tajuña, 2012.
P
ESSOA, Fernando, Eu sou uma antologia 136 autores fictícios, Edição de Jerónimo Pizarro e Patricio
Ferrari, Lisboa, Tinta-da-China, 2013, «Coordenador da colecção Jerónimo Pizarro».
, Ibéria Introdução a um Imperialismo Futuro, Edição [de] Jerónimo Pizarro e Pablo Javier Pérez
López, posfácios de Humberto Brito e Antonio Sáez Delgado, Lisboa, Ática [Babel], 2012. , Sebastianismo e Quinto Império, Edição, introdução e notas [de] Jorge Uribe e Pedro Sepúlveda,
Ática [Babel], 2011.
, Cadernos, Edição de Jerónimo Pizarro. Edição Crítica de Fernando Pessoa, Série Maior, vol. XI,
Tomo I. Lisboa, Imprensa Nacional Casa da Moeda, 2009.
, Sensacionismo e outros ismos. Edição de Jerónimo Pizarro, Edição Crítica de Fernando Pessoa, Série
Maior, vol. X, Lisboa, Imprensa Nacional Casa da Moeda, 2009.
, Rubaiyat. Edição de Maria Aliete Galhoz, Edição Crítica de Fernando Pessoa, Série Maior, vol. I,
Lisboa, Imprensa Nacional Casa da Moeda, 2008.
, Poesia 1931-1935 e não datada, ed. Manuela Parreira da Silva, Ana Maria Freitas, Madalena Dine,
Assírio & Alvim, Lisboa, 2006.
, Correspondência 1905-1915, Edição Manuela Parreira da Silva, Edição original Assírio & Alvim,
Lisboa, Planeta DeAgostini, 2006 [1998].
, Cartas entre Fernando Pessoa e os directores da presença, Edição e estudo de Enrico Martines,
Edição crítica de Fernando Pessoa Estudos, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1998.
, Textos Filosóficos de Fernando Pessoa, Estabelecidos e prefaciados por António de Pina Coelho,
Obras Completas de Fernando Pessoa, 2 Vols., Lisboa, Ática, 1968.
, Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação, Textos estabelecidos e prefaciados por Georg Rudolf Lind e
Jacinto do Prado Coelho, Lisboa, Ática, 1966.
, «Passos da Cruz Catorze sonetos de Fernando Pessoa», in Centauro Revista trimestral de
literatura, ano I, no 1, outubro-novembro-dezembro de 1916, pp. 63-76.
, [Álvaro de Campos], «Opiario», in Orpheu, ano 1, no 1, janeiro-fevereiro-março de 1915, pp. 71-76. , «Reincidindo», in A Águia, 2a série, no 5, maio 1912, pp. 137-144.
PINA COELHO, António de, Os Fundamentos Filosóficos da Obra de Fernando Pessoa, 2 Vols., Lisboa,
Verbo, 1971.
QUENTAL, Antero de, Causas da Decadencia dos Povos Peninsulares nos ultimos tres seculos, Discurso
pronunciado na noite de 27 de Maio na sala do Casino Lisbonense, Porto, Typographia
Commercial, 1871, «Conferencias Democraticas».
S
ANTOS, Elsa Rodrigues dos, «Traços da literatura árabe na literatura portuguesa», in Actas dos XI Cursos
Internacionais de Verão de Cascais, vol. 1, «Nós e os Árabes», Cascais, Câmara Municipal de
Cascais, Instituto de Cultura e Estudos Sociais, pp. 93-119.
S
EABRA, José Augusto, «Fernando Pessoa, Al-Mutamid et le sébastianisme», in O coração do texto Le
coeur du texte Novos ensaios pessoanos, prefácio de Maria Aliete Galhoz, Lisboa, Cosmos, 1996, pp. 209-214.
SEPÚLVEDA, Pedro, «May 29, 1928 and Pessoa’s reformulation of his work», [palestra data do âmbito do seminário Fernando Pessoa and the Esoteric Experience, Netherlands Institute for Advanced Study in the Humanities and Social Sciences, Wassenaar, 23 de maio de 2012], [no prelo].
SILVA, Agostinho da, Um Fernando Pessoa, Lisboa, Guimarães, 1958.
V
ALLET, Pierre, Histoire de la Philosophie, Cinquième édition, revue et augmentée, Paris, A. Roger et F.
Chernoviz, 1897.
Livros pertencentes à Biblioteca particular de Fernando Pessoa (CFP)
ALIGHIERI, Dante, The vision of Dante Alighieri or Hell, Purgatory and Paradise, translated by Henry Francis Cary, with an introduction and notes by Edmund G. Gardner, 5th ed., London, J. M. Dent & Sons, Limited, New York, E. P. Dutton, 1915, «Everyman’s library edited by E. Rhys; Poetry and the drama», p. 18 (CFP, 8-139).
BROWNE, Edward, Edward G. Browne (Poems from the Persian), London, Ernest Benn, [1925], «The Augustan Books of English Poetry, second series, number ten», «Edited by Humbert Wolfe», (CFP, 8-71).
CORTÓN, Antonio, Espronceda, Casa Editorial Velásquez, «Autores Celebres», Madrid, 1906 (CFP, 9- 21).
KHAYYÁM, Omar, Rubáiyát of Omar Khayyám, The astronomer poet of Persia rendered into English verse by Edward Fitzgerald, Leipzig, Bernhard Tauchnitz, 1910, “Collection of British and American Authors, n.o 4231” (CFP, 8-296).
WEIR, Thomas Hunter, Omar Khayyám The Poet, London: John Murray, 1926, “The Wisdom of the East Series” (CFP, 8-662 MN). 

1 © Fabrizio Boscaglia, Lisboa, 2013. Este estudo foi financiado por bolsas de investigação da Fundação pela Ciência e a Tecnologia e da Fundação Calouste Gulbenkian.
2 Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa.
3 Cf. F. Boscaglia, «La sabiduría de Omar Khayyām en la lectura de Fernando Pessoa y en la tradición filosófica persa: elementos para una comparación», 2010.
4 Dado o contexto do presente Colóquio Internacional ser o dos Estudos Pessoanos, mencionamos aqui apenas os livros e ensaios dedicados única e explicitamente a esta temática e que encontrámos no próprio campo dos Estudos Pessoanos. Note-se, contudo, que aspetos da presença árabe-islâmica em Pessoa foram referidos ou comentados também em passagens de outras publicações, como, entre outras, as de Adalberto Alves (uma delas é O meu Coração é Árabe, 1987, pp. 24, 27) e Elsa R. dos Santos. Ver bibliografia.
5 Márcia Manir Miguel Feitosa, Fernando Pessoa e Omar Khayyam: o Ruba’iyat na poesia portuguesa do século XX, 1998.
6 Cf. F. Pessoa, Rubaiyat, 2008.
7 ʿUmar al-Khayyām (Nixapur, 1048-1131). No presente texto opta-se por uma transliteração simplificada, mais familiar ao leitor não especialista, do nome deste autor.
8 Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), Espólio 3 (E3), 48H-23r; F. Pessoa, Sensacionismo e outros ismos, 2009, p. 229. Ao tratar dos «arabes», Pessoa refere-se aos povos de religião islâmica que se exprimem de modo comum em língua árabe, independentemente das suas origens geográficas (cf. F. Boscaglia, Considerações sobre a presença do elemento arábico-islâmico no sensacionismo e no neopaganismo de Fernando Pessoa, 2012, p. 11).
9 Cf. BNP/E3, 26A-60r a 61v; 2718 A3-10r; 15A-32r e 32ar; 15A-33; F. Boscaglia, «Presence of Islamic philosophy in unpublished writings by the young Fernando Pessoa», 2013, pp. 158-160.
10 «“Al-Cossar,” said I to the Arab, “men say thou art versed in the deep of poet and thinker», BNP/E3, 26A-60r; F. Boscaglia, op. cit., p. 158.
11 Cf. Pablo Javier Pérez López, Poesía, Ontología y Tragedia en Fernando Pessoa, 2012, pp. 155-162.
12 Cf. BNP/E3, 61B-70r; F. Pessoa, Poesia 1931-1935 e não datada, 2006, p. 207.
13 F. Pessoa, «Reincidindo», 1912, p. 139.
14 BNP/E3, 26A-60r; F. Boscaglia, «Presence of Islamic philosophy in unpublished writings by the young Fernando Pessoa», cit., p. 158.
15 Dante Alighieri, The vision of Dante Alighieri or Hell, Purgatory and Paradise, 1915, p. 18 (Casa Fernando Pessoa, CFP, 8-139).
16 BNP/E3, 55A-88r; F. Pessoa, Sensacionismo e outros ismos, cit., p. 197.
17 BNP/E3, 88-24r e 24v; F. Pessoa, Sensacionismo e outros ismos, cit., p. 225.
18 BNP/E3, 26A-60v; texto crítico e aparato genético em F. Boscaglia, «Presence of Islamic philosophy in unpublished writings by the young Fernando Pessoa», cit., p. 158.
19 Pierre Vallet, Histoire de la Philosophie, 1897, pp. 170-178.
20 Cf. F. Pessoa, Cadernos, 2009, p. 261.
21 F. Pessoa, Textos Filosóficos de Fernando Pessoa, 1968, p. XV (Cf. António de Pina Coelho, Os Fundamentos Filosóficos da Obra de Fernando Pessoa, 1971, vol. 2, p. 142; cf. F. Boscaglia, «Presence of Islamic philosophy in unpublished writings by the young Fernando Pessoa», cit., p. 154).
22 BNP/E3, 97-14r, F. Pessoa, Ibéria Introdução a um Imperialismo Futuro, 2012, p. 72. Cf. id., Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação, 1966, p. 255.
23 BNP/E3, 97-5v, F. Pessoa, Ibéria, cit., 45.
24 BNP/E3, 88-25v e 26r; F. Pessoa, Sensacionismo e outros ismos, cit., 226.
25 BNP/E3, 97-13r; F. Pessoa, Ibéria, cit., p. 71.
26 Cf. Massimo Jevolella, Le Radici Islamiche dell'Europa, 2005, pp. 53-54; cf. Alessandro Aruffo, L'Europa e le sue radici islamiche, 2007, p. 22.
27 Cf. F. Pessoa, Correspondência 1905-1915, , 2006 [1998], p. 182.
28 Annie Besant, Os Ideaes da Theosophia, 1915, pp. 68-69.
29 Antonio Cortón, Espronceda, 1906, p. 89 (n.) (CFP, 9-21).
30 BNP/E3, 55J-23r.
31 BNP/E3, 88-20; F. Pessoa, Sensacionismo e outros ismos, cit., p. 223.
32 BNP/E3, 88-19r; F. Pessoa, Sensacionismo e outros ismos, cit., pp. 222.
33 BNP/E3, 88-20r; F. Pessoa, Sensacionismo e outros ismos, cit., pp. 222-223.
34 F. Pessoa, «Passos da Cruz», in Centauro, 1916, 1, p. 68.
35 Antero de Quental, Causas da decadencia dos povos peninsulares nos ultimos tres seculos, 1871, pp. 10, 22.
36 Frederico Nietz[s]che [Friedrich Nietzsche], O Anti-Christo Estudo critico sobre a crença christã, 1916 [1895], pp. 156-157.
37 BNP/E3, 97-13r, 15r, 16r; F. Pessoa, Ibéria, cit., p. 71, 74.
38 BNP/E3, 55J-51r; cf. F. Boscaglia, «Fernando Pessoa e a grande tradição árabe», cit.
39 A[ugusto] F[erreira] G[omes], «O renascer de um simbolo Al-Motamide, o iniciador», 1928; id., «As causas longinquas da homenagem a Al-Motamide», 1928 (cf. BNP/E3, 125-1r); F. Pessoa, Sebastianismo e Quinto Império, cit., p. 295-299.
40 Cf. F. Pessoa, Sebastianismo e Quinto Império, 2012, p. 27.
41 Sobre a presença árabe-islâmica no neopaganismo de Fernando Pessoa, cf. F. Boscaglia, Considerações sobre a presença do elemento arábico-islâmico no sensacionismo e no neopaganismo de Fernando Pessoa, cit.
42 BNP/E3, 125-1r; A. F[erreira] G[omes], «As causas longinquas da homenagem a Al-Motamide», cit.; F. Pessoa, Sebastianismo e Quinto Império, cit., p. 297-298.
43 Ibid.
44 Cf. F. Pessoa, Cartas entre Fernando Pessoa e os directores da presença, 1998, pp. 251-260. Cf. Pedro Sepúlveda, «May 29, 1928 and Pessoa’s reformulation of his work», [no prelo].
45 BNP/E3, 88-20v; F. Pessoa, Sensacionismo e outros ismos, cit., p. 223.
46 Cf. F. Pessoa [Álvaro de Campos], «Opiario», 1915.
47 Agostinho da Silva, Um Fernando Pessoa, 1958, p. 64.
48 Hadji Murad (c. 1790-1852), líder militar caucasiano e protagonista de um romance de Tolstoi publicado postumamente, em 1912.
49 Cf. F. Pessoa, Eu sou uma antologia 136 autores fictícios, 2013, pp. 491-492, 578-588.
50 Mário Domingues, «Profecias fatídicas de um árabe», 1931 (BNP/E3, 135C-8-9).
51 Cf. Omar Khayyám, Rubáiyát of Omar Khayyám, 1910 (CFP, 8-296).
52 Cf. F. Pessoa, Rubaiyat, cit.
53 Cf. Edward Browne, Edward G. Browne (Poems from the Persian), [1925] (CFP, 8-71).
54 Cf. [Abdul Khaliq Kazi, Alan B. Day] [trad.], Al-Ahadith Al-Qudsiyyah (Divine Narratives), 1995, p. 217. Sobre os «ditos divinos» no Islão, cf. Muammad, Quarenta Ditos Divinos (Aḥadīth Ilāhinna) – Transmitidos pelo Profeta Muammad, 2010.
55 BNP/E3, 64-14r; F. Pessoa, Rubaiyat, p. 44.
56 Trata-se de um tema clássico do ensinamento sufi.
57 Thomas Hunter Weir, Omar Khayyám The Poet, 1926, p. 50 (CFP, 8-662 MN).
58 «deep thoughts» (BNP/E3, 26A-60r; cf. «Presence of Islamic philosophy in unpublished writings by the young Fernando Pessoa», cit., p. 158.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A vida incrível do pai de António e Ricardo Costa (ou Babush e Babuló)

Da origem árabe dos Senhores da Maia

Quinta do Relógio: um passeio pelo romântico e o oriental