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A mostrar mensagens de fevereiro, 2019

Reinterpretar a nossa fé para vencer os terroristas

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O Islão, como qualquer outra fé, é sobre como sermos melhores seres humanos. É mostrar amor, empatia e solidariedade para com os outros. É minha opinião que, como muçulmanos, devemos ter a coragem de desafiar a ideia de que o Alcorão ou a Suna são infalíveis. Claro que isso choca aqueles entre nós que fomos educados a ver o Alcorão como a própria palavra de Deus, incontestável e perfeita. Enquanto não admitirmos que o Alcorão pode bem ser divinamente inspirado, mas foi escrito pela mão de um homem, continuaremos a ser peões no jogo dos fundamentalistas, e não estaremos a usar a única arma de que dispomos e que os pode derrotar - a razão. Só então libertaremos o Islão das amarras do dogmatismo em que o encerrámos. Reinterpretar a nossa fé para vencer os terroristas HASSAN RADWAN Falamos muito sobre reformar e reinterpretar o Islão nestes dias, de modo a combater as ideias extremistas de grupos terroristas como o ISIS. Interpretações mais liberais e progressi

O mistério da Batalha de Ourique

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A chamada Batalha de Ourique, pelo significado que encerra e pelas características simbólicas a que está associada, é a principal lenda épica da história portuguesa. Passados que estão 879 anos do conflito que terá oposto a cruz de Cristo aos seguidores do islão, as conjecturas, hipóteses ou meras suposições persistem em manter a famosa batalha como “um dos pontos mais incertos e falíveis da história de Portugal”, realça Jorge Alarcão, no ensaio Ourique – O Lugar Controverso. A lenda sobre a fundação que subordinava Portugal à protecção divina, assim como os contornos míticos da batalha, foi posta em causa, a partir de meados do século XIX, pelo historiador Alexandre Herculano. O escrutínio sobre o acontecimento de Ourique levantou forte “polémica sobre a historicidade e a validade da tradição da aparição de Cristo a Afonso Henriques nos alvores da nacionalidade”, analisa a historiadora Ana Isabel Buescu. A crítica “dissolvente” com que Herculano se envolv

O culto dos promontórios em Portugal

A divinização de montes e promontórios inicia-se em tempos pré-históricos, com a qualificação dos primeiros espaços sagrados ou a erecção dos primeiros santuários, com o culto a ser sucessivamente reactualizado por romanos, cristãos e muçulmanos.  No mundo ocidental, e com a romanização, assistir-se-á não raras vezes à assimilação ou identificação desses antigos cultos a divindades romanas, num processo de interpretatio que os gregos já haviam aplicado e que os cristãos irão prosseguir e ampliar, reocupando e reconvertendo os velhos santuários pagãos, ou adaptando antiquíssimos ritos, para os atribuir à nova fé. Com o domínio islamita da Península assiste-se à implantação de ribatat, pequenos cenóbios-fortaleza ou conventos habitados por confrarias de homens santos guerreiros que buscavam a iluminação interior, destinados à oração, à defesa e à expansão militar do Islão (djihâd), normalmente associados a uma mesquita ou oratório e a um espaço de estudo religioso (madrass

Arabismos e traduções árabes em meios luso-moçárabes

Houve em Portugal alguns notáveis tradutores e estudiosos da filosofia e da ciência trazida pelos árabes, hoje esquecidos ou simplesmente desconhecidos, ainda “por redimir” pela historiografia portuguesa, ao contrário do que já sucede há muito tempo em Espanha. “A cultura “moçárabe” lusa não foi tão indigente como até aqui parecia”, escreve o investigador Adel Sidarus neste ensaio. “Talvez tivesse sido apenas abafada pela corrente franco-romana que se conseguiu impor em toda a linha. Resta tentar desencantá-la e dar-lhe o lugar que merece, inclusive no quadro geral do movimento de traduções medievais do legado científico-filosófico árabe”. Os mais conhecidos viveram entre os sécs XII e XIV e serão João de Sevilha e de Lima (cujas traduções de vários tratados científicos árabes foram patrocinadas por D. Teresa, mãe de Afonso Henriques, o primeiro rei português); Frei Gil de Santarém, que traduziu várias obras medicinais e farmacológicas, entre as quais o célebre tratado do médico árab

Negacionismo do Holocausto em julgamento

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Um antigo dirigente do PNR de nome Duarte Branquinho e outras figuras ligadas à extrema-direita, a quem o jornal “O Diabo” faz propaganda com frequência, estão a ser processados por difamação pelos netos do cônsul Aristides de Sousa Mendes. O rol das acusações não é curto (ofensa à memória de pessoa falecida, por exemplo). Mas inclui também um crime de que não há memória de ter sido alguma vez julgado em Portugal: negacionismo do Holocausto. Este está previsto no artigo 240.º do Código Penal e prevê uma pena de prisão de seis meses a cinco anos para quem, publicamente, proceder à "apologia, negação ou banalização grosseira de crimes de genocídio, guerra ou contra a paz e a humanidade".   JOÃO PEDRO HENRIQUES / DN Até 2014, a vingança de Salazar sobre Aristides de Sousa Mendes parecia que iria durar para sempre. Ela estava bem à vista em duas vilas de Viseu. Em Santa Comba Dão, onde o ditador nasceu e está enterrado, a sua memória estava no essencial preservada