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A mostrar mensagens de agosto, 2018

Karachi Khatak Dancers

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Sheema Kermani, de 67 anos, é uma conhecida activista pelos direitos das mulheres no Paquistão. Actriz, encenadora, coreógrafa, formada em dança clássica indiana, acredita no poder terapeutico da arte para curar uma sociedade doente - doente de misoginia, de fanatismo religioso, de violência comunitarista, que estigmatizou, nas últimas décadas, e desde a ditadura militar de Zia-ul-Haq, a música, o teatro, as artes performativas e as apodou “anti-islâmicas”. E, claro, restringiu a liberdade das mulheres. “Nada no Alcorão proíbe que dancemos”, conta. “E a arte implica liberdade de pensamento e de expressão. Mas se eu digo isto, ou se alguém questiona alguma coisa aqui, somos imediatamente considerados blasfemos. E se somos blasfemos, então podemos ser mortos na maior das calmas”. As ameaças de morte que recebe diariamente nunca a detiveram. Quando um bombista suicida matou 88 pessoas no santuário Sufi de Lal Shabaz Qalandar, em Fevereiro de 2017, Sheema foi até lá e dançou o Dhamall,

A esclavagista

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Sondos Alqattan, uma estrela das redes sociais no Kuwait está enfrentando uma onda de críticas depois da publicação de um vídeo polêmico no qual se manifestava contra uma reforma trabalhista que visa proteger as empregadas domésticas de situações de abusos de seus empregadores, informa Gabriela Ruic da "Exame" [ver "Os comentários desta influencer escondem uma realidade sombria no Kuwait" - https://exame.abril.com.br/mundo/os-comentarios-desta-influencer-escondem-uma-realidade-sombria-no-kuwait/]. O caso foi reportado por jornais como The Guardian e a rede de notícias CNN . “As novas leis são patéticas. Honestamente não concordo com elas”, disse Sondos Alqattan, maquiadora e influencer com mais de 2 milhões de seguidores no Instagram, “ela (a empregada) irá tirar um dia de folga por semana. São quatro dias em um mês e não saberemos o que ela fará com seu passaporte em mãos”, continuou. “Como ter uma empregada em casa que mantém o passaporte consigo?

O ADN de “Muçulmano e Português”

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Por pura brincadeira mandei vir um daqueles “kits” da companhia MyHeritage (https://www.myheritage.com.pt/) para saber a minha história genética, e descobri que, afinal, tenho uma coisa em comum com os portugueses de origem europeia - genes judeus! No meu caso, genes judeus Askenazi, o que, para alguém com origens indianas, é perfeitamente intrigante. Na verdade, tenho outros genes em comum, também - mas não os genes berberes e africanos. Quase 10 por cento dos meus genes são da etnia classificada como Irlandesa/Escocesa/Galesa, ou Celta, o que não me surpreendeu, dada a antiga ligação dos indo-arianos (ou indo-europeus que se radicaram na Índia há milénios e criaram a civilização Hindu) aos povos da Europa ocidental; num passado remoto, todos eles eram eram seguramente de um mesmo povo, com a mesma religião, que se espalhou pelo mundo a partir de algum ponto da Eurásia, e os vestígios linguísticos dessa ligação são ainda hoje bem visíveis. Quase 17 por cento dos meus genes são d

V.S.Naipaul: ″A liberdade está a ser posta em causa″

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      Aos 84 anos, o prémio nobel V. S. Naipaul sente-se como uma espécie de profeta: ele foi dos primeiros a chamar a atenção para a disseminação do radicalismo islâmico, e o perigo que isso era para a nossa civilização e liberdade. É isso que diz numa entrevista feita em sua casa, em Londres, antes da vinda a Portugal para o festival Folio, em Óbidos, no dia 22. Uma entrevista cheia de pausas e cansaços, do homem que já viveu tanto. Entre chá, bolinhos, e ajudas à memória da sua mulher, o escritor britânico-caribenho, de origem indiana, diz que quer voltar à escrita. ″A liberdade está a ser posta em causa″ Catarina Carvalho Diário de Notícias   «Quero o biscoito de pistachio, esse, sim». V. S. Naipaul serve-se do pires com «pastelaria francesa» que a mulher, Nadira, mandou comprar na confeitaria vizinha, no bairro de Kensignton, para acompanhar o chá. Um earl grey muito preto que Naipaul bebe ao fim da tarde, c

Ciência islâmica: alguns aspectos da sua história

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Uma parte substancial da actividade dos cientistas islâmicos nas áreas da matemática, da geografia e da astronomia estava relacionada com temas religiosos: a elaboração do calendário lunar, o cálculo das horas de oração por métodos astronómicos, e a determinação, em cada local, da direcção sagrada de Meca, a qibla, necessária para as orações e para a orientação das mesquitas. Este último problema é muito interessante do ponto de vista matemático. A qibla em cada local é definida pela direcção de Meca ao longo do arco de círculo máximo que une os dois pontos. Se a Terra fosse plana, a linha mais curta entre os dois pontos seria um segmento de recta e o problema seria muito simples: conhecidas as coordenadas de dois pontos numa quadrícula desenhada no plano, é imediato achar a direcção que vai de um para o outro. Mas sobre uma esfera vê-se que a questão é diferente, e substancialmente mais difícil, sendo necessário usar técnicas de trigonometria esférica. A este problema de

A nudez nunca foi um pecado no Islão - Farhat Othman

Sabiam que os árabes da época pré-islâmica, e mesmo nos primeiros anos do advento do Islão, faziam a peregrinação a Meca nus? “Foi nus que viemos ao mundo, e é assim que regressaremos para junto de ti, Alá”, cantavam junto da Cába, num ritual com milénios, em que dançavam e faziam oferendas, não só a Alá, mas a outros deuses/ídolos que se encontravam no recinto. Normalmente, os participantes despojavam-se de todos os seus bens durante dias e vinham nus de localidades remotas da Arábia, sobrevivendo apenas da caridade alheia “Os árabes não se envergonhavam da nudez, e ela fazia parte dos seus rituais religiosos, tal como acontecia noutros cultos do mundo antigo”, escreve o jurista e antigo diplomata tunisino Farhat Othman. “No Islão, a nudez nunca foi um pecado. Foi a tradição islâmica de Medina, fortemente influenciada pelo judaísmo, que a dada altura a proibiu nos seus rituais. O primeiro “hajj” (peregrinação) que se seguiu à conquista de Meca ainda decorreu assim, na presença do f

“A história exaltará aqueles que lutaram pela liberdade” - Samar Badawi

Samar Badawi, actualmente detida pelo regime saudita, escreveu esta carta para a prisão onde o marido, Waleed Abu al-Khair, cumpre uma pena de 15 anos pelo seu activismo em prol dos direitos humanos na Arábia Saudita.  Foi ele quem defendeu de início o caso de Raif Badawi, seu irmão, condenado por nada mais do que ter pensado e escrito em liberdade. Aqui se reproduz a carta de Samar, que é uma carta de louvor a quem luta pela liberdade, e de esperança no legado dos defensores de direitos humanos.  “A história exaltará aqueles que lutaram pela liberdade” | Anistia Internacional “Palavras não são suficientes para que eu consiga expressar todo o orgulho que sinto pelo meu marido. Todo o orgulho que sinto pelo homem que acreditou em mim e na minha causa quando eu estive presa. Como meu advogado, me defendeu e nunca me deixou sozinha para enfrentar aqueles que injustamente tentaram impor a sua autoridade patriarcal sobre mim, apenas porque sou uma mulher que ousa dizer o qu

Quinta do Relógio: um passeio pelo romântico e o oriental

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Quinta do Relógio: um passeio pelo romântico e o oriental   Por Elsa Severino / revistajardins.pt Palácio do estilo “árabe” – Quinta do Relógio História e evolução da propriedade Na Vila de Sintra, na estrada para Colares e fronteiro à Quinta da Regaleira, surge esta propriedade de 2 hectares, pertencente à família Berglund desde 1998. A designação de “Quinta do Relógio” advém da existência de uma torre com “numerosos sinos que davam as horas ao som de vários minuetes”, torre ainda representada em litografias de 1829, sendo posteriormente demolida. Há escassa documentação anterior a 1800, mas ainda assim conhecem-se vários proprietários; no reinado de D. Pedro V, por volta de 1835 a quinta é comprada por Manuel Pinto da Fonseca, que fez fortuna no comércio de escravos. Por este facto, conta-se que o rei, defensor “acérrimo” da abolição da escravatura, nunca aqui entrou e referia que o barulho das águas do jardim, era tão somente o sangue dos negros flage